A
vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás, mas, só pode ser vivida,
olhando-se para frente. Como posso julgar hoje, sem antes olhar para o meu passado? A Natureza é a nossa grande companheira, nós é que não
a compreendemos muito bem. Ela nos empurra ao recolhimento e a reflexão. O
contato íntimo com a Natureza é volta para uma reflexão sobre a nossa
existência e do sentido de nossa vida. Aos que têm a oportunidade de sentar em
frente a uma praia e olhar o infinito, entendem o sentimento do finito diante
do infinito.
Certa
vez encontrei-me sentado numa pedra de frente para o mar, pois, querida escutar
o som da Natureza. Naquele momento fui tomado completamente pelo som das águas
batendo nas pedras. Achei aquela experiência incrível. Para não perder aquela cena,
tendo como fundo o azul do mar, aproveitei meu momento de solidão para ler, embora
conhecesse a história, pois nunca tinha lido o livro: “Mágico de Oz”. Ao ler o
sofrimento dos três personagens, tentei juntá-los em um e percebi que em nossa
existência somos um pouco do homem e de homem de lata, do leão e do homem de
palha. Isto porque o dia a dia mata os nossos sentimentos. Por isso na maioria
das vezes somos inconsequentes, nas ações e atitudes que tomamos.
Transformamo-nos
em pessoas frias, sem coração, homens de lata. Esquecemos o valor do toque, a
importância do vínculo e a doçura do olhar descompromissado. Na história acima
citada, os três personagens a partir do encontro passam por diversas aventuras,
até chegar à conclusão de cada um. Na verdade, não temos mais tempo para nos
encantar com a obra da criação, e o pior, nem sentimos a nossa importância
enquanto parte desta criação. Nos homens de lata, seguimos nossa vida e nada
nos comove mais. Fome, guerra, doença, morte, dor já fazem parte do nosso
cotidiano. Já nos transformaram em seres ocos, sem sensibilidade.
Assim
como nos falta o toque do amor para olhar a nossa existência, falta-nos a
coragem que faltava ao leão. Coragem de enfrentar, de assumir posturas, tomar
atitudes. Coragem para dar o valor exato de nossa existência, de ter o comando
de nossa vida. Coragem que faz com que não precisemos de heróis para direcionar
nossa vida, mas, coragem de despertar o herói que existe em cada um. Só com
essa coragem de nos respeitarmos que se dará o respeito dos outros para
conosco.
Por
fim, a procura pelo cérebro que o homem de palha queria. Os donos do poder
insistem em dizer que sabem mais. Procuram nos diminuir em nossa sabedoria para
dominar e comandar nossa vida e nossas atitudes. Com o cérebro, vamos reverter
essa situação. O conhecimento é a forma de pegarmos o comando do nosso existir.
Quando terminei a leitura, pensei: “quem
seria o mágico de Oz, para nos dar o amor, a coragem e o conhecimento?”
Portanto,
assim como narra o livro, entendi que já temos essas qualidades adormecidas em
nosso interior. Tais sentimentos estão sufocados e, dessa forma, a vida se
torna vazia e sem sentido, causando angústia em nosso viver. Ao olhar para o
mar, consegui escutar o “grito” da
Natureza, que estava adormecido. Como diz a música “Companheira de Alta Luz” na voz de Zé Ramalho: “Desesperado eu sonhei que havia um mundo
melhor e acordei solitário no escuro da dor. Essa saudade também rondava a tua
cabeça, além dos males do bem essa paixão nos devora. Vem lá de fora uma brisa
com teu cheiro de amor, que a Natureza criou e a vida se transformou”.
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