Por mais profunda que seja as feridas do espírito, ainda o tempo,
esse grande consolador, sempre nos oferece uma chance para encontrarmos a paz
desejada. Quantas vezes nos precipitamos nos julgamentos e, com isso,
impedimos que o outro se propusesse, porque nossas atitudes o bloqueiam. Só uma
convivência muito íntima e amorosa poderá fornecer elementos para que,
verdadeiramente, conheçamos alguém. O mesmo aprendizado vale para as coisas da
natureza. O melhor mesmo é aceitar sem fazer julgamento, acolher para realizar
uma missão de paz, amar para que haja autenticidade e equilíbrio. Apreciar as
coisas simples da natureza, como assistir e admirar ao pôr do sol num
horizonte, cujo cenário é cercado de vidas. Admirar o céu iluminado de
estrelas, colher e comer uma fruta do pé. Algumas crianças nunca sentiram e nem
sabem como são estas sensações.
No entanto, todas estas atividades estão cada vez menos presentes
no cotidiano de quem vive em cidade grande. Gosto de apresentar as pessoas que
amo o contato com a natureza e o quanto ela nos ensina com seu silêncio. Esse
contato com a natureza traz a oportunidade para que potencializem nossas
aptidões físicas, mentais e intelectuais. Quando entramos em sintonia com a
natureza, a percepção de mundo é ampliada em três aspectos: espacial, o
universo da natureza é bem maior do que o nosso habitat; sensorial, porque há
diversidade de ruídos, olfatos, texturas, cores e formatos; e finalmente
físico, pois caminhar entre árvores, rios e pássaros é caminhar nos braços dos
deuses. A oportunidade de conhecer animais e plantas que só vemos nos livros, é
uma experiência muito rica que faz a gente sentir parte do mundo.
Se essa experiência contar com o apoio dos pais, melhor ainda. É
comum hoje em dia pais e filhos não se conhecerem, pois cada um está envolvido
em uma atividade. Por conseguinte, estes são momentos onde tudo que se faz
junto é bastante importante para a aprendizagem de ambos sobre a nossa mãe
natureza. O vínculo familiar criado durante as descobertas infantis marcam para
sempre na forma de lembranças. Pois, sempre vivi na roça e hoje tenho uma
identidade intrínseca com a terra. Uma vida mais natural, mesmo que seja
somente nos finais de semanas para aqueles que moram na cidade, mesmo assim,
acrescenta valores diferentes, como os cuidados com a natureza, com os bichos,
o andar descalço, tomar banho de chuva e chupar jabuticaba no pé. São
experiências inesquecíveis. E não é só no acréscimo de conhecimento que
ganhamos, aprendemos a conviver com a natureza que aguça a nossa curiosidade e
nos estimula para a vida.
Portanto, não é preciso esperar as férias para se colocar em
contato com a mãe natureza. O grande aprendizado da vida é saber estar com quem
à gente gosta ao lado de quem a gente ama. Sentir as vibrações com a natureza e
perceber que a vida que habita em mim é a mesma que habita os demais seres
vivos. Como é lindo poder enxergar com estes olhos e poder sentir a natureza
entrando pelos meus poros, envolvendo-me e dizer: “Deus existe”, olhai e veja a lua cheia ou minguante, veja o sol
forte ou fraco, as árvores com suas folhas embaladas pelo vento. Vento esse que
nos refresca e embeleza ainda mais as coisas que movimenta. E os rios que
encontramos pelas estradas? Ah! Suas águas tão frescas, tão poderosas e tão
necessárias à vida. Vida para mim é uma síntese da natureza. Contudo, naquele
trecho da estrada entre o rio Piracicaba e o rio Tietê, sinto que a vida
transcorre tranquilamente, assim como no interior do carro, o amor percorre nossas
veias irradiando vida e esperança. Sentimos nossos corações baterem no mesmo
ritmo da natureza. E assim celebramos a vida.
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