Foram
com os cacos do mundo, paus, barros e sonhos. Com esperança e fé no amor, que
erguemos o esplendor da nossa morada na calmaria dos verdes clorofilas,
oxigenando a vida entre rios e montanhas. Prateleiras, um catre e um fogão para
ver a transformação da vida em vida, para conter a friagem que desce pela serra
ao cair da tarde. Um punhado de nadas é mobília do viver, na morada em que os
gozos tímidos fazem parir e amamentar o amor que nutre a vida.
Levitando
sobre amparos e caibros a casa tem o esplendor do amor que vive de si mesmo e
dos afagos de Deus. No lombo da montanha a vida é um riacho quieto. Nessa hora
o dia deita-se no mundo aquarelando todos os verdes-azuis em reflexo da
divindade, na elegância esguia das árvores. Um júbilo de luz que se ergue da
paisagem uns cheiros alados de virgindade, celebra o ser das coisas no
instante.
De
mais longe, a casa acocora-se para brincar de nada entre as grandezas do verde.
Um dia não haverá mais diferença entre o esplendor do amor com a nossa morada,
que se firmou entre os sonhos e as serras. A fé e os destinos aninhados no
vale. Uns vivem o amor, outros desvivem, condenados pela dor do egoísmo. Sendo
assim, no frio das terras altas, muitos desistem e fazem a travessia final e se
enfeitam de esquecimentos. É o Adeus para quem fica.
Portanto,
lá no vale, a fé e os destinos cintilam ao meio dia. A árvore de Ipê se ergue e
doura, emoldurando as vidas que vêm e vão como bandeira hasteada pelo espírito
do mundo. A vida põe delicadezas e elegâncias, põe suspiros de candura em
portas ínfimas. Contudo, eternizar esse nada é tudo que nos resta.
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