O
processo de educação em sua forma verdadeira começa na Grécia antiga, Paidéia.
O termo também significa a própria cultura construída a partir da educação. Era
este o ideal que os gregos cultivavam do mundo, para si e para sua juventude.
Uma vez que o governo era muito valorizado pelos gregos, a Paidéia combinava
hábitos que o fizessem ser digno e bom tanto para o governante quanto para o
governado. Não tinha como objetivo ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade
e nobreza. Paidéia também pode ser encarada como o legado deixado de uma
geração para outra na sociedade. Um legado imortal da mentalidade grega.
É
importante ressaltar que a Paidéia tal quais os gregos entendiam, envolve o
ensinamento do corpo e da mente. Poesia, teologia, filosofia, gramática,
retórica, matemática, música e astronomia faziam parte da formação da alma do
homem grego. Qualquer pessoa que estiver lidando com a educação na sua vida
diária vai ficar impressionada com o alcance que os poetas e filósofos gregos
deram a esse tema. Na verdade, nos dias atuais, especialmente em um país com um
sistema educacional como o brasileiro, que em sua maioria é incapaz de dar aos
seus alunos ensinamentos básicos sobre gramática e aritmética, essa base da
Paidéia grega é impossível de ser transmitida aos estudantes de nosso tempo.
Durante
vários séculos a humanidade foi valorizada, principalmente, no Ocidente e até
mesmo no Brasil. Mas como sempre surgem mentes brilhantes com as melhores
intenções para reformar o ensino, o resultado foi que o sistema educacional
brasileiro foi assaltado pelo modelo tecnicista e os resultados foram trágicos.
Houve nos últimos anos algumas luzes de esperança para a nossa educação, uma
vez que a filosofia voltou a ser ensinada nas escolas, mas isso só não basta.
Ainda mais agora que nossos deputados através da “Medida Provisória” aprovaram a “Proposta
de Ementa à Constituição” (PEC – 241). Uma medida violenta e desrespeitosa,
que vai contra a pedagogia proposta no Paidéia.
Vamos
um pouco mais além, no entanto, com a poesia de Homero percebe-se que a grande
civilização começou com os poetas e teólogos, aqueles sábios que transmitiam o
mito fundador da nação para o povo. A poesia foi à primeira forma de preparação
da mente de crianças e adultos para a compreensão do mundo. O mito é a
pedagogia de Homero, porquanto os seus poemas reproduzem as estórias de deuses
e homens que dão início a Paidéia. Para o filólogo alemão Werner Jaeger (1888-1961),
ele acredita que Homero produz um pensamento filosófico relativo às leis
eternas que governam o mundo.
Portanto,
além de formar o homem, a educação deve ainda formar o cidadão. A antiga
educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser
suficiente. Então nesse momento o ideal educativo grego aparece como Paidéia,
formação geral que tem por tarefa construir o homem como homem e como cidadão.
O filósofo grego Platão (427-347 a.C.), define Paidéia da seguinte forma: “a
essência de toda a verdadeira educação ou Paidéia é a que da ao homem o desejo
e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e obedecer, a
dialogar e respeitar”. Contudo, o eixo norteador de todo cidadão ético bem
educado, tem como fundamento a justiça.
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