O
ser humano é o único dotado de razão, por isso é chamado de racional. Ser
racional é raciocinar com sabedoria, é saber discernir, é pensar, utilizando o
bom senso e a lógica antes de qualquer atitude. Todavia, boa parte de nós não
agimos com sabedoria necessária para evitar problemas e dissabores
perfeitamente evitáveis. Como de costume, agimos antes e pensamos depois,
tardiamente, quando percebemos que os resultados da nossa ação deram errado. O
Apostolo Paulo que tinha a lucidez da razão em sua carta, nos adverte com
sabedoria: “tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. Ele quis dizer com isso
que tudo nos é permitido, mas que a razão nos deve orientar de que nem tudo nos
convém. De modo que, quando uma pessoa perde seu referencial abre um buraco ao
seu redor. Seus pés ficam sem chão. Nada faz sentido mais.
Olhando
pelo aspecto físico, por exemplo, quando comemos e bebemos algo que nos faz
mal, naquele momento não pensamos nas consequências, mas sabemos do mal que vai
fazer depois. Se nosso organismo é frágil a certo tipo de alimentação, devemos
pensar antes de ingeri-lo, mesmo que nossa vontade diga ao contrário. Se
tivermos vontade de fazer uso de drogas, seja elas aceita socialmente ou não,
pensemos antes no depois. Será que suportarei os riscos da enfermidade
decorrente dos meus vícios? Seja na bebida ou no tabagismo. Ou será um preço
muito alto por alguns momentos de satisfação. O mesmo acontece com o cartão de
crédito que usamos, costumamos pensar no depois? Pensar em como vamos pagar a
conta? Sempre pensamos no agora e nunca no depois. Não avaliamos as
consequências do depois.
No
campo da moral não é diferente. Quando surgir a vontade de gozar alguns momentos
de prazer, será que pensemos: e depois? Quais serão as consequências desse ato
que desejo realizar? Será que as suportarei corajosamente, sem reclamar de Deus
e nem jogar a responsabilidade sobre os outros? Certo dia, conversando com um
amigo funcionário público aposentado, ele falou a respeito do vazio que sentia
na intimidade, com a consciência marcada pelos atos inconsequentes que
praticara durante a vida pública. Buscou, na atividade profissional, tirar
proveito de todas as situações. Arranjava tudo com algum “jeitinho” e com muita
propina, mas nunca havia pensado no depois. E agora sua consciência cobra pelo
bem que deixou de fazer. A velhice o alcançou como alcança as pessoas honestas,
mas a sua consciência traz um peso descomunal e uma sensação desconfortável que
lhe invade a alma. Quantos pais se arrependem da falta que fizeram no
acompanhamento da educação dos seus filhos. Hoje sofrem por ver os filhos
perdidos sem um referencial de vida. É triste assistir o sofrimento dos filhos.
Portanto,
como vimos no exemplo do nosso amigo, a dor que ele carrega está longe de
reparar o estrago que causou no seu espírito há anos atrás. Hoje não consegue
olhar nos olhos dos filhos e nem dos netos, sem pensar no quanto foi
inescrupuloso. Ele não pensou na época que tipo de família ou sociedade que
estava construindo para legar aos seus afetos. Dessa forma, antes de tomar
qualquer atitude, questionemos a nós mesmos: e depois como vai ser? Melhor que
resistamos por um momento e tenhamos paz interior, do que gozar um minuto e ter
o resto da vida para se arrepender. Triste fim desse homem que perdeu o seu
referencial humano. Ele chora a dor do remorso, daquilo que deixou de fazer
para a felicidade da sua alma e da paz interior que hoje lhe cobra. Contudo,
não “respeitar” o nosso semelhante e colocar em “duvida” aquela pessoa que nos
olha com ternura e amor nos pedindo apoio, no fundo nós estamos semeando dor e
tristeza para colher depois. Um dia a consciência vai nos cobrar, portanto,
nada perdemos em ser bom e generoso.
(Minha homenagem a
Nossa Senhora da Conceição Aparecida pelo seu dia)
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