Tenho
muito a agradecer pelos dias ruins e as decepções que vivi nesses últimos meses,
com pessoas próximas e queridas. O mais doloroso é você ser ofendido e traído
por pessoas do seu rol de afetos. São essas pessoas que falam de amor e nos
atacam sem piedade, nos diminuindo perante as outras pessoas, a ponto de fazermos a
seguinte pergunta: “Por que estou
submetendo-me a passar por isso”? As vezes não encontro respostas. Quando
meu coração esteve apertado, não agendei exames cardíacos: "recorri à poesia". Se
compus textos bem escritos com discernimento, devo às esses momentos de angustias.
No entanto,
cada vez que fui humilhado, desenvolvi a humildade e reforcei o meu lado bom.
Continuo andando na serenidade, principalmente, depois que aprendi que a
felicidade é uma busca utópica, sem sentido. Como ser feliz num país em
desconstrução e com uma desigualdade indecente entre seus habitantes? Como ser
feliz, se além do país à deriva, ainda temos que nos acostumar agora com novas
regras de conduta social? E, saindo do geral para o pessoal, ainda temos que
lidar com: “a insônia, dívidas, desilusões,
discussões e acusações sem o menor fundamento”.
Vamos
morrer um dia, aquele dia que otimismo nenhum adia. Então qual o sentido de
obstruir ainda mais a vida? As pessoas fazem drama por bobagem, são
competitivas, se acham melhores do que são, executam tarefas de forma relaxada,
não assumem seus erros, não cuidam de seus afetos e reclamam por não tê-los.
Colocam em dúvida tudo, como se fossem os donos da verdade. São essas pessoas
que a cada manhã recebem o novo dia com pedras na mão. Falam do seu amor a Deus
que não vêem e tratam mal aquele que está ao seu lado todos os dias.
Portanto,
também tenho meus momentos de tristeza e angústias, mas não desapareço de mim.
Se for uma incomodação pontual, leio um livro, vou dar uma caminhada, espero o
dia terminar. Se for mais grave, busco ajuda numa sessão de psicoterapia, converso com
amigos, faço mapa astral, ritual xamânico, troco os móveis de lugar, troco os
pensamentos de lugar. Me desacomodo. Uso a instabilidade para inaugurar uma
estabilidade nova em folha, outra versão da mesma vida. O meu “para sempre” nunca foi feito de linhas
retas nem de velocidade constante, e é por isso que a sorte continua ao meu
favor.