Uma das personagens mais importantes da história
contada no livro: “O Pequeno Príncipe” (1943), do escritor francês Antoine de
Saint-Exupéry (1900-1944), é a raposa. A raposa transmite uma série de
reflexões sobre como nos relacionamos com os outros. É através dela que o
pequeno Príncipe aprende, por exemplo, o que significa cativar alguém.
E foi então que apareceu a raposa: - Bom dia, disse
a raposa. - Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas
não viu nada. - Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira. - Quem és
tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita. - Sou uma raposa, disse a
raposa. - Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste. - Eu
não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
Logo que a raposa aparece na história ela introduz
um conceito profundo que, até então, não havia sido levantado. A raposa se
recusa a brincar com o pequeno príncipe assim que o conhece argumentando que
ainda não foi cativada. O menino, no entanto, não entende o que cativar
significa e logo pergunta “Que quer dizer ‘cativar’?” Através da pergunta a
raposa percebe que o pequeno príncipe não é dali e tenta ajudá-lo, perguntando
o que ele procura. O que o menino diz que quer encontrar são homens, para fazer
amigos. É a partir dessa interação que a raposa começa a filosofar.
Depois de muito insistir na pergunta sobre o que é
cativar, a raposa responde que cativar significa “criar laços” e destaca que esse
conceito vem sendo muito esquecido nos últimos tempos. De uma forma sutil, ela
faz uma “crítica à sociedade”,
dizendo que os homens estão cada vez mais distantes uns dos outros e, como têm
sempre pressa, não têm tempo para conhecer a fundo o que está ao seu redor. A
raposa, para explicar o que é cativar, mostra como uma criatura se diferencia
de todas as outras quando se torna importante para nós:
“Tu não és
para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu
não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo
a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me
cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo.
E eu serei para ti única no mundo.”
Sendo assim, aos sermos cativados, segundo a raposa,
passamos a depender do outro e a vê-lo como essencial na nossa vida. A raposa é
uma personagem, portanto, que traz para a história elementos importantes, que
nos relembra do que é essencial, que fala sobre as relações que criamos e sobre
os laços que desenvolvemos com aqueles que amamos.
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