A
filosofia sempre esteve ligada ao momento em que o homem começou a fazer perguntas
sobre sua existência. Ela nasceu como uma atividade de esclarecimento e de
autonomia de pensamento, pensar por si, conhecer a verdade do mundo, exercitar
a linguagem autêntica para firmar alianças de tolerâncias e proposições de
reconhecimento de igualdades. É importante que entendamos o significado da
própria palavra filosofia, pois ela é utilizada de formas muito diferentes.
Algumas vezes o termo é usado como “filosofia
de vida”, para explicar como uma pessoa conduz sua vida. Também vemos a palavra
relacionada ao trabalho, significando como a pessoa ou um grupo organiza o
tempo, as decisões e o dia a dia de sua profissão. Há ainda a concepção de “filosofia religiosa”, dentre outros
usos. De modo que a filosofia se relaciona à premissa de se constituir num
saber, num modo de realizar alguma coisa, por assim dizer, o pensamento que
organiza e da direção a essas atividades.
Temos
também a filosofia que se aprende nas escolas, que faz parte do currículo
escolar. Esta traz consigo um pressuposto de se reconhecer como um conhecimento
que envolve a história da cultura, o que pensaram os filósofos em determinadas
épocas e em que sentido tais ensinamentos podem nos auxiliar a pensar a vida de
hoje, através do debate sobre a ética, a moral, os valores primordiais que
trazemos na nossa matriz. De modo que o pensar crítico envolve um juízo
intencional, no sentido de refletir sobre em que se deve crer ou de como reagir
a um exame minucioso, a uma vivência, a uma manifestação oral ou textual, e até
mesmo a proposições alheias.
Desse
modo, a filosofia pode ser compreendida com um saber que tem por interesse a
formação da inteligência crítica das pessoas. Na história podemos buscar
informações sobre sua trajetória. Nessa época a filosofia significava um modo
de entender o mundo, diferente do que até então predominava, o pensamento
mítico, fantasioso. A pergunta sobre o que é e para que serve a filosofia. É
uma das grandes questões que a acompanham, desde o seu surgimento até nossos
dias. Houve tempos em que a filosofia apareceu como oposição à ciência, diante
do entendimento de que esta sempre se ocupava de questões práticas e a primeira
seria o exercício livre do pensamento.
Sabemos
que a filosofia surgiu na Grécia Antiga, sua história já contém uma caminhada
que vai modificando o conceito de reflexão de um pequeno grupo para o estimulo
do pensamento crítico e autônomo para o maior número de pessoas, até ocupar a
escola, como um conteúdo de nossa formação. Todavia, pensar filosoficamente é a
grande intenção desse jeito de conhecer e saber, fazer com que a busca das
verdades de cada situação nos auxilie a melhor entender o mundo, as pessoas e a
realidade. A filosofia então tem o sentido de nos fazer pensar com nossas
próprias ideias, buscando a autonomia, sem nos deixar conduzir por outras
pessoas, outros saberes ou poderes; e nos dias de hoje, pelas agências de
alienação e engodo coletivo, como a identidade dominante na mídia ou qualquer
coisa que conduza o nosso pensamento, assim como as redes virtuais na internet.
Entretanto,
é por isso que a filosofia nem sempre teve uma boa aceitação no país ou entre
algumas pessoas mais conservadoras. Como argumenta o filósofo e educador Cesar
Nunes (Unicamp): “o compromisso da
filosofia em estimular o pensamento crítico e dar a oportunidade de que cada um
tire suas próprias conclusões sobre as situações de sua vida, da política, da
sociedade, sobre as outras pessoas, pode incomodar àqueles que não têm
interesse em deixar o pensamento livre e crítico ganhar espaços em nossa sociedade”.
Tendo em vista, que a ideia mais importante é que todos possam exercitar essa
forma de pensamento, para descobrir o que há por trás do que nos é repassado
pelos meios de comunicação, pelo conhecimento que aprendemos como o único
válido e que comecemos a questionar as formas de viver e pensar, buscando, o
grande interesse da filosofia: uma vida melhor, em que os seres humanos possam
sonhar e usufruir da felicidade.
Portanto,
uma vida feliz se constrói com a vivência da igualdade, do pensamento livre, da
criatividade, do diálogo, no combate às situações de desigualdade, pelo
respeito ao próximo, ao meio ambiente, em particular aos direitos conquistados
por crianças, jovens, adultos, mulheres, pessoas com deficiências, idosos,
negros, índios e marginalizados. Exercitar o pensar critico de cada um por si
mesmo é um dos principais compromissos daqueles que têm como interesse a vida
plena, a justiça e a felicidade como valores fundamentais do que chamamos de
emancipação humana.
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