O homem não necessita
senão de um mínimo de conforto na vida, quando a sua vida tem uma finalidade
nitidamente consciente, isto é, quando ele sabe por que vive, trabalha e sofre.
Uma causa grande e digna, claramente apreendida e entusiasticamente abraçada,
torna-se grandiosamente fascinante e bela, a mais humilde das existências. O
homem sem ideal rasteja penosamente pelas tediosas baixadas da vida. O homem
empolgado por uma grande causa, cria asas e voa jubilosamente por cima de todos
os obstáculos. Refiro-me aqui ao homem enquanto gênero humano, capaz de
justificar sua utilidade no mundo de dor e amor. Quem aprende com a dor, ensina
com amor.
Entretanto, é necessário
saber sonhar! Não esses sonhos quiméricos, ocos, mas, os grandes sonhos do
mundo das excelsas, realidades ainda não realizadas, porém, realizáveis pelos
audaciosos aventureiros do infinito. O mais duro da vida torna-se suave quando
o homem tem plena certeza, o por que vive e conhece o caminho que trilha. Vida
enfadonha e intolerável é somente uma vida sem ideal e sem finalidade. Convém
recordar o ditado popular, que: “o seguro morreu de velho e o desconfiado
vive até hoje”. Mas, o aventureiro vive na perpétua juventude. Como
argumenta o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955): “Quem, em
nome da liberdade, renuncia a ser aquilo que deveria ser já se matou em vida: é
um suicida de pé. A sua existência consistirá numa perpétua fuga da única
realidade que era possível”.
Portanto, se eu tivesse
cem por cento de segurança, mas, não tivesse a liberdade de sonhar os sonhos pelas
infindas regiões do além. Do que me serviria, toda essa tediosa segurança?
Basta-me, um mínimo de segurança, pois tenho necessidade de muita liberdade
para sonhar. A excessiva segurança me faz envelhecer em plena juventude. A
vasta liberdade me garante a mocidade em plena velhice. Prefiro ser um velho
jovem, a ser um jovem velho. Sabem meus amigos leitores por que vives? Se
compreender a razão profunda de sua existência, saberás viver intensamente. Só
chegamos a ser uma parte mínima, do que poderíamos ser. Um dia olharás para trás,
e dirá a si mesmo: “valeu a pena aprender com a dor, porque hoje ensino com
amor”. Não interessa a origem da flor, o que interessa é o significado da
flor.
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