O
conceito de mito é baseado na ideia de que os antigos gregos criavam narrativas
para explicar acontecimentos e fenômenos da natureza que não podiam entender. Nesta
reflexão, oferecemos um entendimento da força do mito e do símbolo da “Árvore Cósmica” (Árvore Sagrada) como perspectiva
de centralidade universal. Sabemos que diversas culturas apresentam a árvore
como signo e percepção religiosa para entender o mundo. A Árvore Cósmica
aparece como manifestação do sagrado, que revela ao homem o sentido da vida.
Entretanto,
percebendo que várias civilizações oferecem um sentido singular para o mito,
aproximando-se uns dos outros. Partindo da mitologia genesiana e da Epopeia de
Gilgamesh – um antigo poema épico mesopotâmico, escrito pelos sumérios – com
esse pressuposto, caminharemos por diversas reflexões, entendendo como a árvore
sagrada pode oferecer ao homem uma interpretação do universo por via de seu
significado. Não sabemos ao certo, aonde começa a natureza e onde termina a
arte da sua beleza. Isto para mim foi uma tremenda descoberta e uma experiência
ímpar.
Ao
ler trechos do texto sobre as lendas do povo Bassari da Africa Ocidental, o
mito de Unumbotte, que é considerado o deus criador do povo Bassari no Senegal
e Guiné-Bissau, nos conta a história da criação, com variações muito próxima da
história contada em Gênese sobre o Jardim do Éden. Diz a narrativa, que o deus
Unumbotte, fez um ser humano e seu nome era Homem. Em seguida, ele fez um
antílope e o chamou de Antílope. Também fez uma serpente e a chamou de Serpente
e por ultimo criou a mulher. E no final da sua criação, disse ele às criaturas:
“a terra ainda não foi trabalhada e vocês
precisam amaciar a terra onde estão sentadas”. E Unumbotte deu-lhes
sementes de todos os tipos e lhes disse: “plantem
todas essas sementes”.
Todos
cultivaram árvores e outras plantas, incluindo uma que produzia frutos
vermelhos. Unumbotte comeria da árvore a cada sete dias, mas os humanos não. Consequentemente, a cobra convenceu os humanos a comer da árvore, explicando a
Unumbotte que eles estavam com fome. Unumbotte deu a cada uma das criaturas
alimentos para comer. De modo que, os humanos cultivaram plantas, o antílope tinha
capim, mas a cobra recebeu veneno e o desejo de atacar os humanos. Quando
Unumbotte desceu do céu, ele perguntou quem comeu a fruta, e os humanos
disseram: nós comemos. E Unumbotte perguntou a eles quem ordenou, que podiam
comer daquela fruta, e eles disseram: foi a cobra, e que deram ouvidos a ela
porque estavam com fome. Foi aí que Unumbotte deu sorgo a eles, juntamente
com inhame e milho. Desde então, os humanos passaram a governar a terra.
Para
entender melhor essa história da criação, cito os Upanishads. Que são textos
sagrados que fazem parte das escrituras Shruti hindus, que discutem religião e
que são consideradas pela maioria das escolas do hinduísmo, como instruções
religiosas. Quando o criador fala à sua criatura, ele percebe que na verdade,
está falando dele: “eu sou essa criação,
pois, eu a expeli de mim mesmo”. De modo que, ele se tornou essa criação e
aquele que sabe disso se torna um criador nesta criação. Este é o ponto principal
da criação. Quando sabemos disso, identificamos com o principio criativo, que é
o poder divino no mundo, ou seja, o poder em você mesmo.
Portanto,
é através do mito que vivenciamos e experimentamos o sagrado. Mas, afinal: “o que estamos procurando neste mundo?”
Penso que estamos procurando, uma forma diferente de experimentar o mundo. Que
nos abra para a transcendência e que nos inspira, dentro desse mundo, pois, é
isso que as pessoas querem. É isso que a alma pede. Contudo, procuramos uma
harmonia com o mistério que anima as coisas deste mundo. Assim como a mulher
representa a vida e, é através dela que os humanos entram na vida. É a mulher
que nos traz para este mundo de polaridade, de pares, de opostos e de
sofrimento. Arthur Schopenhauer (1788-1860), foi um filósofo alemão do século
XIX, num dos seus maravilhosos textos; “O
Mundo como Vontade e Representação”, diz ele: “a vida é algo que não deveria ter acontecido. Ela é na sua própria
essência e caráter, uma coisa terrível, pois, precisamos matar e comer para
viver”. Ou seja, estamos sempre no pecado, segundo os critérios éticos
seguido pelos humanos.
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