Nossa
educação é feita para quebrar qualquer personalidade, menos para educar. No
entanto, repetimos a educação que recebemos, na certeza de que estamos dando o
melhor de nós aos nossos filhos. Continuamos perpetuando os mesmos erros e nada
mais. Podemos citar como exemplos, pessoas que surgem e brilham intensamente em
nossas vidas e passam rápido, deixando marcas profundas em nosso ser. Uns se
instalam em nossos corações de forma que jamais os esquecemos. Outros caminham
conosco, dividindo momentos de alegria e tristeza, outros ainda partem e nunca
mais os encontramos. Entretanto, em todos os encontros nenhum ocorre por
simples e mero acaso, de modo que cada pessoa deixa sua marca registrada em
nossa memória, no mural do espaço sagrado da saudade. A questão é que não
sabemos compartilhar esses nobres sentimentos. Gostamos de receber, mas, não
aprendemos a cultivar. A única maneira de se ter um amigo é ser um.
A
vida é um grande mistério, uma aventura extraordinária. Tendo em vista, que
nada acontece por acaso e todos os encontros deixam registros em nossa memória,
se houve algum encontro íntimo e de boa qualidade esse registro fica no DNA.
Como um carimbo, difícil de ser apagado. Porém, o que torna realmente a vida
bela e faz tudo valer a pena, resume-se em uma simples palavra que poucos
compreendem o seu significado: “amor”.
Todavia, confundimos amor com sentimento de posse, apego e paixão, mas, ainda
estamos distante do real significado desse sentimento sublimado. Nesse sentido,
o amor verdadeiro é sublime, nada exige em troca, nada espera, não condena e é
capaz de renúncias grandiosas. Afinal, o que leva uma pessoa a ser egoísta? Por
que da dificuldade em dar e receber amor? Por que desconfiamos e duvidamos do
amor? Nossa natureza reclama a falta desse contato interpessoal e essencial
para nossa sobrevivência.
Entretanto,
esses conflitos afetivos que trazemos não os herdaram por acaso. Nessas condições,
todos os fatores educativos têm sua origem na tera idade, ou seja, na infância.
Criar circunstâncias favoráveis ao desenvolvimento em família não é uma questão
simples, diante da educação deformada que herdamos. Pais que tem autoridade
frente à família, não precisa fazer valer a sua dignidade, pois é capaz de
tolerar opiniões contrárias à sua, permite que os membros da prole expressem
uma vontade própria, colocando-o após isso, em discussão autêntica e racional a
questão em pauta. Parafraseando o psiquiatra e educador Içame Tiba (1942-2015):
“Quem ama educa com limite. Quem cria da
tudo sem limite”. Aquele que tem autoridade não precisa parecer diante do
outro como um Deus, infalível, mas pode se apresentar como adulto passivo de
erros. Não precisa apelar para a punição ou ofensas para mostrar que está certo
ou que tem autoridade. Obediência fundamentada no medo não tem duração.
Todavia,
há uma gama imensa de possibilidades de erros na educação de criança que podem
ser cometido pelos pais e educadores. Em muitos casos pode haver uma relação
bastante estreita de amor entre pais e filhos. Mas como os pais também tiveram
uma educação inadequada e, muitas vezes, são ignorantes, os filhos
naturalmente, sofrerão as consequências nas futuras relações. Os estudos vêm
mostrando nos últimos anos o aumento de pessoas desorientadas e desajustadas
psicologicamente, que não são capazes de amar. Essa deformação no mínimo começa
na família. Crianças que cresceram em atmosfera desprovida de amor, que não se
sentiram amadas nem pelas próprias mães, têm a tendência a se sentir durante
toda a vida como pessoas aptas a receber amor. Estarão sempre à procura daquela
pessoa que será capaz de dar-lhes aquilo que foi negado na infância. Vivem como
se fosse obrigação dos outros a amarem. Ninguém da o que nunca teve?
Portanto,
inconscientemente agirão sempre como criança, que necessitam da ternura da mãe
ou do pai e que desesperadamente procuram ser amadas, sendo, contudo, incapazes
de amar e dar amor. São essas relações doentias do tipo egoísta que está muito
mais propenso em cobrar atenção e amor do que dar carinho e amar quando estão
tomados de amor. Amor não é uma coisa que aparece a todo o momento em nossas
vidas. E quando aparece jogamos no lixo, por insegurança ou medo de não ser
feliz. Qual a garantia do amor senão vivê-lo? Contudo, a mais sublime prova de
amor que o Nosso Pai Maior nos deixou foi na cruz: “Senhor perdoa-os porque não sabem o que fazem”. Esse é o amor
desvelado, sublimado, em sua essência mais pura, que perdoa incondicionalmente,
que compreende sem exigências, serve sem apego e ama com desprendimento. Um
dia, todos comungarão na sintonia do amor sublimado e vivenciado por Jesus.
Devemos perdoar nossos pais por sofrerem do mesmo mal que sofremos hoje. Vamos
repensar a nossa educação para não estragar as futuras gerações. O amor é o
símbolo da nossa própria existência.
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