Abro
o mês de março citando três datas especiais, que para mim denota amor, poesia e
inspiração. Sendo a primeira o “dia
internacional da mulher”, depois o aniversário “in memoriam” da mulher que me deu o direito e a dignidade a vida,
que havia sido negado quando nasci por ignorância e hipocrisia de falsos
moralistas. Não se abandona uma criança recém-nascida em nome dos costumes
sociais que tanto endeusamos. E a terceira data, coincidentemente cairá no dia
da Páscoa, onde pretendo prestar uma homenagem a essa pessoa especial, que me
ensinou o verdadeiro sentido do caminhar e amar juntos. Com ela aprendi que não
existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. Sendo assim,
para dar uma conotação mais poética a esta reflexão, reporto-me ao poeta e
dramaturgo francês Victor Hugo (1802-1885), que é referência bibliográfica de
pesquisa no meu projeto na Unicamp, que tem como tema: “poesia e literatura na educação”.
Para
melhor compreender essa relação que envolve desejo, sedução e amor, tanto no
homem como na mulher. Porém, teoricamente seria simples de explicar, mas, na
vivência só os poetas são capazes de revelar aquilo que todos nós sabemos
sentir, mas, quase nunca sabemos expressar. Por que será que o olhar da sedução
é tão fascinante a ponto de despertar inesperadamente o desabrochar da paixão?
Aqui está um enigma para os amantes pensar. No amor, ninguém pode dizer que foi,
pois, quando se ama verdadeiramente, quem foi sempre será. Cito novamente o
poeta francês Victor Hugo, quem melhor traduziu na integra esse sentimento do
qual degusto como um bom vinho, pois, a essa altura da vida já estou embriagado
ao ponto de parafrasear o poeta:
“Desejo primeiro que você ame e que amando,
também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que esquecendo,
não guarde mágoa. Desejo, pois, que não seja assim. Mas se for, saiba ser sem
se desesperar. Desejo também que tenha amigos. Que mesmo maus e inconsequentes,
sejam corajosos e fiéis. E que pelo menos em um deles você possa confiar sem
duvidar. E porque a vida é assim. Desejo ainda que você tenha inimigos, nem
muitos, nem poucos. Mas, na medida exata para que algumas vezes você se
interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles haja pelo
menos um que seja justo. Desejo depois, que você seja útil, mas não
insubstituível. E que nos maus momentos quando não restar mais nada, essa
utilidade seja suficiente, para manter você de pé. Desejo ainda que você seja
tolerante. Não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que
erram muito e irremediavelmente. E que fazendo bom uso dessa tolerância você
sirva de exemplo aos outros. Desejo que você, sendo jovem, não amadureça
depressa demais. E que sendo maduro não insista em rejuvenescer. E que sendo
velho, não se dedique ao desespero, porque cada idade tem o seu prazer e a sua
dor. Desejo, por sinal, que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia
e que nesse dia descubra que o riso diário é bom. O riso habitual é insosso e o
riso constante é insano. Desejo que você descubra, com o máximo de urgência,
acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes. E
que estão bem à sua volta. Desejo ainda que você afague um gato, alimente um
cuco e ouça o joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal porque assim,
você se sentirá bem por nada. Desejo também que você plante uma semente, por
menor que seja e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas
muitas vidas são feitas uma árvore. Desejo, igualmente, que você tenha
dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano
coloque um pouco dele na sua frente e diga: “isso é meu”. Só para que fique bem
claro quem é o dono de quem. Desejo também que nenhum de seus afetos morra por
eles e por você, mas, que se morrer você possa chorar sem se lamentar e sofrer
sem se culpar. Desejo por fim que você sendo homem, tenha uma boa mulher e que
sendo mulher, tenha um bom homem. Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor pra recomeçar. E se
tudo isso acontecer, não tenho mais nada a lhe desejar.”
Portanto,
o sol está dentro de cada um de nós. Sorrir para a vida é acreditar em si e
poder dizer que bom estar aqui, que bom estar vivo, que bom ser eu. Esse é o
caminho para alcançar a luz e o brilho que irradia da própria existência e
acalentar a crença em nós mesmos. Acreditamos no próprio sol, ele mora no “Eu cósmico” que ilumina tudo e a todos.
Contudo, existe uma coisa maior que o mar, que é o céu. Existe um espetáculo
maior que o céu, que é o interior de uma alma.
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