A
educação deve ser pensada durante a vida inteira, diz Zygmunt Bauman (1925). De
acordo com o sociólogo a educação reproduz privilégios em vez de aperfeiçoar a
sociedade. O atual sistema universitário só aprofunda as desigualdades sociais.
A educação de hoje é vitima da modernidade líquida. Existe uma grave crise de
atenção da qual os jovens não conseguem se concentrar. Empurrando o tempo numa
mesma questão, tudo é rápido e superficial. Por outro lado, a internet
dificulta a lida diária com realidade. Na opinião de Bauman a internet trouxe
benefícios e um grande desafio. Como compreender todas as informações que
conseguimos acessar de forma instantânea em sites de pesquisa?
A
cultura é um campo de batalha e um parque de diversões ao mesmo tempo. A era
digital produziu um novo ser humano. Praticamente todas as invenções apenas
satisfizeram um desejo humano que já preexistia. Por exemplo, para andar mais
depressa, inventaram o carro, voar o avião. As redes sociais e os
desdobramentos mais recentes da internet mudam o foco, porque aí passa a ter
invenções que precede o desejo das pessoas. Não havia um desejo de algo que
viesse chamar “Facebook”. Este algo
chamado Facebook surge, e ele próprio vai modulando comportamentos humanos
diferentes, que a gente tenta depois entender quais são. De modo, que são uma
novidade muito grande as redes sociais.
Neste
sentido a rede social modula não só as mensagens, como também as próprias
relações das pessoas. Com o advento do Facebook, tudo isso que Bauman fala da
fragilidade do lado social, realmente escorre pelo ralo. Nas redes sociais é
muito mais fácil estabelecer um contato e desfazê-lo no dia seguinte. O
compromisso praticamente é neutro, some. Há um traço no Facebook, que não
existe Lei e nem fronteiras para se postar alguma coisa. As pessoas leem algo e
digita rapidamente, manda em tempo real, porém, quem ler e curtir essa postagem
vai ter uma reação de fígado. Que às vezes é muito agressiva e pode ter efeitos
complicados na vida de muitos.
Bauman
faz uma descrição do mundo atual baseada na ideia de liquidez. Tudo que é
sólido se desmancha porque nada persiste. Sobretudo, os laços afetivos e
sociais que estão cada vez mais tênues e ele nos da como grande exemplo disso,
o que acontece nas redes sociais. Há uma disponibilidade sem procedente na
história de opções amorosas, de consumo e de programas de viagens, que faz com
que nós estejamos o tempo todo seduzidos. E o pior, relações sem compromisso,
sem construir vínculos. Vivemos a metáfora da liquidez. Parece que o mundo está
se desfazendo ao nosso redor.
Bauman
no seu livro: “Amor líquido” analisa as relações nos tempos modernos. Na
avaliação do polonês, elas se tornaram mais flexíveis, o que faz com que as
pessoas não saibam mais como manter laços de longa duração, e muitas vezes acabam
se relacionando apenas em ambiente virtual o que acaba aumentando a solidão.
Esse comportamento é definido por Bauman como modernidade líquida, onde nada é
feito para durar. Os relacionamentos escorrem por entre os dedos feito água.
Vivemos o fim do futuro.
Essa
ideia de que o mundo está se desfazendo, que perdeu suas interações, sua
estrutura e sua organicidade. Está abrindo espaço para um mundo muito mais
aleatório, onde o sentido da vida desaparece. Como a modernidade deu passagem a
formas sociais dissipadas? Enquanto que a crença que a gente tinha da sociedade
civilizada até um século atrás, era da sociedade integrada.
Efetivamente,
está muito fácil desfazer uma relação amorosa ou um casamento. Não é nada fácil
começar um relacionamento, mas desfazê-lo é simples. Antigamente o casamento
era indissolúvel, muito difícil de desfazer. Hoje desritualizamos a separação e
criamos espaço para encontros casuais. Banalizamos a dissolução dos laços
afetivos. Cria-se um laço afetivo, fortalece esse laço e de um momento para
outro a pessoa acaba com ele. Essa é uma experiência muito dolorosa para nós
humanos.
Por
conseguinte, nas relações sólidas, segundo os princípios budistas, há uma
elevação da espiritualidade, ao contrário das relações líquidas que há uma
predisposição muito mais propensa em destruir do que construir o outro. Trilhar
por esse caminho da existência é fazer o melhor que puder para viver de acordo
com nossa dignidade. Saber que podemos fracassar, pois somos humanos, não somos
o máximo e muito menos os donos da verdade. Esta práxis vale para a educação,
assim como para as relações afetivas.
Portanto,
a maioria das pessoas que estão utilizando internet, tenta criar para si o que Bauman chamou de zona de conforto. É o único espaço onde posso coloco
minhas fantasias e ser o que quiser. Esta zona de conforto não se pode criar no
offline, somente online. Por ser muito simples. É só parar de ler e responder
mensagens grosseiras. Deixar de visitar sites ofensivos. O mesmo não pode fazer
quando encontramos alguém que não gostamos. Às vezes precisamos conviver com a
pessoa. Por isso penso no Facebook como um tranquilizante que cria espaço para
a solidão, além de disseminar informações pejorativas e muitas
vezes distorcidas da realidade, que só contribui para mecanização das relações
humanas. Enfim, a boa relação é quando alguém aceita o seu passado, apoia o seu
presente e motiva o seu futuro. Contudo, vamos construir pontes que liga ao
amor sólido ao invés de muros que nos separam.
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