O
fracasso é sempre uma experiência dramática porque mexe com a nossa vaidade e
também com a autoestima. A vaidade porque é comum o fracasso entre as pessoas e
sempre vai ter alguém por perto observando, o que é pior, assistindo e às vezes
por inveja torcendo contra. Por outro lado, a autoestima da qual todos nós
fazemos um julgamento de nós mesmos, onde esperávamos um resultado positivo e
muitas vezes isso não acontece. Por exemplo, é comum assistir na mídia o
fracasso de alguns clubes de futebol, nos campeonatos nacionais. Tanto nos
clubes grandes como nos pequenos é inevitável o fracasso. O atleta que foi
ídolo no seu clube e continua jogando, porém, agora não apresenta mais o mesmo
futebol arte, por conta do desgaste físico e emocional. Perante a opinião
pública ele é considerado um fracasso para o seu time.
Entretanto,
no caso dos clubes, é comum culpar o técnico pelo fracasso dos seus jogadores.
Ninguém pode jogar bem todos os dias, ser campeão sempre. Os clubes têm os seus
percalços, assim como todos nós os temos. A questão maior é a vaidade de cada
um exposta ao público. A situação fica ainda mais dramática para o clube, aos
olhos da sua torcida que não vão aos estádios. E o mais grave, que tem como
regra esmagar o fracassado, agredindo seus atletas. Assim também acontece com a
política, quando um governo fracassa, neste caso é a população que sofre as
consequências. Em cada seguimento social o fracasso mexe com a autoestima das
pessoas. São experiências muito difíceis de recuperar, por conta das críticas
que o fracassado recebe. De modo que não é nada fácil resolver esse tipo de
problema. Na vida profissional de cada um o dilema é ainda pior, sobretudo, por
comprometer a relação afetiva do casal e dos demais familiares. Falo com
conhecimento de causa.
Por
outro lado, se pensarmos na questão da educação é complicado e igualmente
dramático como no caso da família. Uma política educacional mal planejada pode
trazer grandes consequências para os jovens no futuro e traduzir o esforço do
professor num fracasso absoluto. Simplesmente porque o governo não assume os
seus erros na práxis educacional. A nossa cultura não é necessariamente um
saber fazer, mas, um saber transitar por esses conhecimentos. Para que cada
pessoa possa lidar melhor com o seu fracasso, quando ele bater a sua porta.
Lembrando-se que quando falamos do conhecimento, estamos falando de um saber
compreender para melhor fazer. No caso da cultura ela é incorporada nesses
saberes, isto não quer dizer total ausência de fracasso, mas, caminhar com
prudência.
O
educador mesmo usando da firmeza, da ousadia e a necessária coragem de
interferir, ele sabe que tem a chance de fracassar, que essa possibilidade
existe. Quando se fala do bom professor não é porque ele é melhor que o outro,
mas, porque erra menos. Outro exemplo para ilustrar: aquela pessoa que monta a
cavalo e nunca caiu. Principalmente, quando usa de arrogância e garbo, achando
que é muito competente e boa em montaria. Quando ela cai pela primeira vez do
cavalo, toma um susto terrível e isto mexe dramaticamente com a sua autoestima,
além de mexer também com o orgulho e a sua vaidade. Ao montar novamente, não
pode mais achar que nunca vai cair do cavalo. Agora ela monta ciente que pode
cair. Aprendeu a lição.
Portanto,
talvez esse seja o momento, comparado com a nossa vida, deixar o egoísmo de
lado, para tornar-se um adulto mais consciente da realidade. Ou seja, caminhar
pela vida, fazer o que é preciso, viver de acordo com nossa dignidade, sabendo
que podemos fracassar a qualquer momento, que não somos o máximo. Temos que
aprender a superar o fracasso. De modo que algumas pessoas ainda não aprenderam
atualizar a sua vida, presas ao passado vivem com sentimento de culpa e a dor do
fracasso. Enfim, acreditar faz a gente inventar um mundo novo. Ser feliz é
viver de acordo com sua natureza. Deixa o rio andar e siga o seu curso natural.
Qual o pano de fundo da vida, senão vivê-la?
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