Se
eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais
erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do
que tenho sido, na verdade bem pouca coisa levaria a serio.
Seria
menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais
entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares
onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas
reais e menos imaginários.
Eu
fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua
vida. Claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver trataria
de ter só bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de
momentos, não percas o agora.
Eu
era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água
quente, um guarda chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver viajaria mais
leve.
Se
eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e
continuaria assim até o fim de outono. Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres, brincaria mais com as crianças, se eu tivesse
outra vez uma vida pela frente.
Mas,
já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.
Ofereço este lindo poema aos meus leitores e amigos, que me acompanharam, nesse processo de tratamento na Radioterapia - H.C. Unicamp, com suas orações. Vale lembrar, que o autor desse lindo poema – “Instante” - o poeta argentino Jorge Luís Borges (1899-1986), faleceu dois anos depois de escrever essa pérola, aos 87 anos de idade em Genebra, Suíça. Esse poema traduz magnificamente o que disse o escritor francês, François Rabelais (1494-1553): "Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quiseram quando podiam".
Não sabia que vc estava em tratamento! Mas fico feliz por ter superado com positividade tal situação delicada! Abraço
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