“Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará”. Palavras ditas por Jesus Cristo. Para o filósofo e educador
Humberto Rohden, somente através da posse da verdade é que o homem adquire a
verdadeira liberdade. Quem vive na ignorância ou no erro é escravo. De maneira
que a verdade em filosofia torna o homem essencialmente livre.
O
homem tornou-se o “filósofo atual”
quando nele despertou a inteligência adormecida, embrionariamente – fenômeno
esse que não se deu ao que sabemos, com nenhum outro ser deste planeta. Os
sentidos percebem e a inteligência “concebe”
– esse prefixo “com” indica uma ação
em conjunto que supõe as coisas, entre as quais existe um vínculo que as une.
Segundo
Humberto Rohden, argumenta no livro: ”O
Pensamento Filosófico da Antiguidade”, os sentidos, por exemplo, percebem a
existência de uma semente e de uma árvore, e nada mais. Estas duas coisas
afiguram-se aos sentidos como dois ser inteiramente separados, desconexos, sem
nenhuma relação ou nexo um com outro. Por vezes, os sentidos percebem que uma
dessas duas coisas vêem depois da outra, como a árvore vem depois da semente,
igualmente a ave vem depois do ovo; isto quer dizer que percebem uma sucessão
cronológica de fenômenos.
A
inteligência, porém, verifica não apenas essas duas coisas interligadas pela
percepção sensitiva, mas verifica-se, além disto, uma terceira realidade, um
nexo lógico entre os dois primeiros; percebem-se, então, não a existência de
ambos independentes entre si, mas também devido à existência do anterior. Em
outras palavras, a inteligência possui a faculdade de descobrir que um ser é
devido ao outro, de modo que o segundo deve sua existência ao primeiro. A sucessão
cronológica é algo pessoalmente externo – o nexo lógico é algo interno.
Verificamos
que a sucessão cronológica é baseada na categoria de tempo e espaço, embora o
tempo e espaço não se tornem um simples atributo ou modo de agir de nossos
sentidos. Essa sucessão cronológica é meramente aparente - ao passo que o nexo
lógico é profundamente real. Isto significa dizer que a inteligência descobre
algo incomparavelmente mais real e verdadeiro do que os sentidos possam
perceber. Desta forma, a percepção sensitiva é meramente evidenciada, de modo
que a concepção intelectiva é real. Então, a metafísica é mais real do que a
física.
Para
o homem simples, sem cultura filosófica, real é sinônimo, ou até homônimo,
concreto, individual, material e físico – ao passo que o abstrato, torna-se o
imaterial, o metafísico equivalendo para ele, o irreal, o fictício, o
quimérico. Existe mesmo uma inteira orientação na filosofia empirista que
defende a tese de que real é aquilo que é verificável pelos sentidos, e que
tudo que não é sensitivamente verificável não é real. Será isto filosofia – ou
apenas jardim de infância da filosofia?
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