As
pesquisas têm revelado que o amor é um fenômeno biológico e não apenas uma
questão cultural como afirmavam até então os cientistas. Mas, o que é o amor?
Até pouco tempo, cientistas assumiram que o amor era apenas um conceito
presente na cabeça dos homens da cultura ocidental. Hoje, no entanto, a ciência
vem revendo a sua posição e, segundo novas descobertas, publicadas na penúltima
edição da revista Time, levam a crer que o romance é um fato biológico e não
apenas uma questão cultural como se dizia. Estaria certo o poeta quando disse:
“fundamental é mesmo o amor, é impossível
ser feliz sozinho”.
Perguntas
ainda se levantam. A primeira é porque, apenas agora, pesquisadores e filósofos
se enveredaram por este caminho antes percorrido apenas por poetas e
novelistas. São duas hipóteses: uma é a questão da Aids que está aí em nosso
meio e o sexo casual agora carrega riscos mortais. A outra é o número cada vez
maior de mulheres fazendo pesquisas nesta área, provavelmente elas levam o amor
mais a sério. Independentemente do porque, o mais importante são as conclusões:
o romance é real, está em nosso DNA. Em nossa biologia.
Para
o psicólogo e pesquisador Lawrence Casler, autor do livro: “O Casamento é Necessário?”, que diz não
acreditar no amor como parte da natureza humana, fica a questão; se nós podemos
procriar sem necessariamente amar, porque muitas vezes o amor desabrocha no
meio do caminho? Se o amor foi plantado nas cabeças por agentes como
trovadores, a custa do que persiste até hoje? A esta altura todos já deveriam
estar imunes.
Para
desbancar a tese da herança cultural, os antropólogos William Jankowiak e
Edward Fisher, publicaram um trabalho afirmando que encontraram evidências de
amor romântico em 147 das 166 culturas que estudaram. O que as diferenciavam,
segundo os pesquisadores, era a forma de expressar o sentimento, não
necessariamente através de chocolates e flores, como se faz no mundo ocidental.
Os
antropólogos que se propuseram a estudar o amor no passado, segundo os
pesquisadores atuais, se enveredaram pelo lugar errado. Buscaram respostas nos
rituais de casamento e cortejo. Em muitas culturas, como ficou provado, amor e
casamento não anda junto. Em muitas sociedades os casamentos podem ter todo
romantismo de um negócio de interesse de família ou território. Mas, mesmo
nestas sociedades, onde a união é um acordo comercial, Jankowiak afirma que não
se pode dizer que o amor não existe, pois ele se manifesta de forma
clandestina, como um fenômeno com o qual temos que lidar.
Se o
amor existe, quando surgiu? O ponto de partida do amor acredita os cientistas,
foi quando deixamos de andar de quatro e passamos a usar apenas as pernas,
colocando em evidência tanto nossos órgãos sexuais, como a cor dos olhos e a
própria dimensão do corpo. Foi possível, então, tentar novas maneiras de fazer
sexo amoroso, que possibilitaram fazer do sexo um encontro romântico. Os casais
começaram a procurar posições que os deixasse face a face e a atração física
passou a ter maior importância, principalmente, para despertá-lo o amor
romântico. A natureza sabe como conduzir o DNA do amor.
O
lado romântico das relações permitiu aos indivíduos estabelecerem
relacionamentos de longa duração, fundamentais na criação dos filhos, pois em
campos selvagens, tornava-se muito mais difícil zelar pela criança tendo ainda
que cuidar da própria sobrevivência. Ficava mais fácil unir-se a um parceiro e,
juntos, assumirem a criação dos filhos.
Esta
ideia inicial levou a antropóloga e pesquisadora do comportamento humano Helen
Fisher (1945), do Museu de História Natural de Nova York a tecer outras
teorias, uma delas sobre a duração do amor. Enquanto a cultura ocidental prega
que ele é eterno, na natureza, Fisher diz existir provas de que o amor foi
feito para durar cerca de quatro anos. Ela cita a crise dos quatros anos,
mostrada nas estatísticas de divórcio de pelo menos 62 das culturas que
estudou. Se o casal tem outro filho três anos depois do primeiro, como
geralmente ocorre, a união tende há durar quatro anos mais.
Por
essa tese, o amor não é eterno. Por outra, também defendida por Fisher, o amor
não é exclusivo. Segundo a autora dos livros: “Anatomia do Amor” “A História
Natural da Monogamia” “Adultério e
Divórcio”, menos de 5% dos mamíferos formam pares rigorosamente fiéis e, os
seres humanos, desde o começo dos tempos, mantêm o padrão de monogamia com
adultério clandestino. O que pode ser rotulado de sem vergonha, cafajeste. Para
alguns pesquisadores, os estudos de Fisher provam serem uma maneira de se
formar novas combinações de “gens”
para serem passados para as gerações futuras. Além disso, os homens que
buscaram novas parceiras tiveram mais filhos; enquanto as mulheres, sempre
agindo por debaixo do pano, garantiam melhor a sobrevivência. Até as
pré-históricas tendiam a ter relação extraconjugal.
O
amor é tudo que precisamos, raramente funciona. Quem realmente quer aceitar seu
parceiro pelo que ele é o tempo todo? Parece que o tempo todo não é uma
expectativa muito realista. O respeito mútuo e a disposição para a mudança,
negociação e acomodação até um ponto são necessários para manter um equilíbrio
razoável e cultivar o romance ao longo dos anos. Talvez seja melhor encontrar
alguém que vá tratar você bem o tempo todo, que seja honesto e respeitoso, de
modo que o amor possa ficar cada vez mais solido.
Portanto,
penso que o amor nunca morre de morte natural. Sendo assim, ele pode morrer um
dia porque nós não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos
erros e das traições que eventualmente venha ocorrer. Morre da doença do ciúme
e das feridas que ele nos causa. Morre de exaustão, da devastação que a falta
de respeito provoca. Morre muitas vezes por falta de brilho. Nós não somos
tomados pelo amor que não recebemos no passado, mas pelo amor que não estamos
dando no presente. Contudo, o amor permeia entre o corpo e a alma, ultrapassando
a dimensão biológica onde tudo começa, para o plenamente espiritual onde se
conclui na sua essência cósmica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário