Como
quer que pensamos o amor, encontramos nele a ideia da ultrapassagem de um
estado natural originário, de unidade e satisfação superiores, quase divino,
rompido por uma falta cometida pelo homem que o leva ao decaimento na finitude
da sua condição propriamente humana (por exemplo, Adão e Eva).
Acrescente-se
a isso a nostalgia de retornar àquele estado através da fusão com outro, tendo
por base a relação sexual e a procriação, ou a simples “trocas dos corações”, como no amor trovadoresco.
Os
mitos de Adão e Eva, os andróginos partidos ao meio de “O Banquete” de Platão, o filho expulso do ventre da mãe, onde
repousava imune a todo desejo e desprazer, a proibição do incesto; mas, também
as lendas de “Tristão e Isolda”, as
tragédias românticas, de “Romeu e Julieta”
até “Love History”.
De
modo que, quase tudo da poesia lírica ocidental, não cessam de evocar, direta
ou indiretamente, a ideia desse estado de fusão que faz de duas pessoas,
tornar-se uma e, simultaneamente, a sua absoluta impossibilidade, porque ele
implicaria o retorno a uma condição originária doravante interditada aos
humanos.
Portanto,
no amor a face do outro é o espelho onde compreendemos no mais alto grau
possível o que significa humanidade porque amo sua vida humana, se o amor é
autêntico, amo o que ele é, não o que ele tem (riqueza material ou um corpo
bonito). O amor é parte de um prazer que o filósofo alemão Schopenhauer,
chamava de prazer negativo. O amor funciona como um remédio para sensação
desagradável de desamparo.
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