É importante em primeiro lugar
compreender as dimensões psicológicas da sexualidade, o sentido e a origem da
palavra sexo. No entanto, a palavra “sexo” vem do latim, “sectum”
que ao fazer a etimologia da palavra para a nossa língua quer dizer: “dividido”,
“parte” ou “metade”. O ser humano é sexo, isto é, um ser dividido
em partes. De modo que, homem e mulher são metades, seres incompletos,
precisando da outra parte para assim formar um inteiro. Daí o sentido bíblico
de que fala o texto. Deixará o homem (pai e mãe) unir-se a sua esposa e serão
dois numa só carne.
No entanto, toda parte tem uma
função e um desejo. A função é completar a outra parte; e o desejo é ser completado
pelo outro. Somente satisfaz o desejo quem cumprir primeiro a função. O sentido
do amor no casal é o de amor doação. Decorre disso que a felicidade da mulher
não é a preocupação dela, mas sim ocupação do homem e vice-versa. Estarão os
dois cumprindo a função, conseguindo com isso satisfazer o desejo. Devido ao
sentido amplo da palavra “sexo”,
todas as relações interpessoais entre um e outro sexo são obviamente, encontros
sexuais. Uma dessas é a relação genital. Por essa razão, que se encaixa perfeitamente
a relação genital no momento da intimidade dos apaixonados.
Entretanto, se todas as outras
relações sexuais não forem satisfeitas (afeto, carinho, ternura) também não se
encaixará a relação “genital-sexo”, no sentido estrito da palavra. De modo que,
o sexo é complemento e consequência do afeto e carinho, entendido aqui como
qualquer demonstração de amor sem contato de pele. Vale lembrar, que a
sexualidade é uma força vital que invade todo ser; é como um rio cujas águas
poderosas energizam a personalidade. Mas, se esse rio for barrado, tiver seu
curso impedido, fatalmente haverá alagamento e surgirão desvios e bloqueios.
Portanto, a sexualidade é o coração da vida. Se seu desenvolvimento for lesado,
todo desabrochar da personalidade será atingido, e prejuízos nas diversas áreas
se registrarão.
No entanto, se admitirmos como
premissa maior que a educação sexual é dada basicamente em casa, pelo exemplo
dos pais, pode-se concluir tranquilamente que sua adequação depende
essencialmente do entendimento entre marido e mulher. Mas acontece que o homem
brasileiro geralmente desconhece os aspectos mais elementares da psicologia
feminina. E vice-versa; a maioria das mulheres não sabe como é importante que o
homem se realize plenamente no campo sexual. Ele ignora, por exemplo, que deve
ser também o namorado dela; e ela desconhece que deve ser também a amante do
dele. Na pratica, quando ele começa a beijar a mulher é porque vai haver uma
relação genital, depois que termina muito rápido, diga-se de passagem, apagará
a luz e dormirá roncando. Enquanto ela fica esperando inutilmente uma
manifestação de carinho, um gesto que traduza afeto e ternura. Trocas gostosas
de caricias.
Dizer simplesmente que está
cansado pelo trabalho estafante daquele dia e que trabalha por causa dela é uma
farsa. As pessoas trabalham porque gostam do que fazem ou porque precisam deste
trabalho para sobreviver. Aqui cabe a seguinte pergunta: “quantos filhos veem em casa manifestações frequentes de carinho, afeto
ou gestos de amor? Pais que se
beijam, se abraçam, andam de mãos dadas e demonstram fisicamente seu carinho um
pelo outro? Que ideia pode ter um
filho se pai e mãe não se tocam e aparece um irmão menor? Será que o sexo é algo vergonhoso, que os
gestos de amor só devem ser feitos às escondidas”? Outra manifestação de
ansiedade dos pais, no que diz respeito ao sexo, ocorre frequentemente diante
da nudez.
Há certa fase, na vida da
criança, em que sua curiosidade para conhecer o corpo dos pais é incontrolável.
Se os pais conseguem permitir que ela os veja com tranquilidade e naturalidade,
a criança esquece que estão pelados. Mas se reagirem de maneira agressiva,
dando broncas, ai sim, temos um problema. É aqui que começa a orientação sexual
dos filhos. Se ela for deformada o que estarão transmitindo à criança? Uma
visão de que o corpo é algo vergonhoso, sujo e que não deve ser exposto.
Portanto, se tivermos uma vida
sexual tranquila e sem ansiedade e fomos capazes de resolvê-las com
naturalidade, estaremos educando sexualmente os nossos alunos e filhos. O
método dialético parte da compreensão de que as coisas e os seres existem em
permanente transformação, entrosados e afinados uns com os outros. Só poderemos
compreendê-los de modo correto se levar em conta, desde o inicio, as suas
relações recíprocas. Contudo, somos um corpo é isso o que mostramos. Porém,
sabemos o que somos, mas não sabemos o que poderemos ser.
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