Por
que a vida alheia nos seduz tanto? Estaria nossa vida muito monótona ou vazia?
Falar e ouvir o mal é uma delícia, desde que não sejamos o alvo. No entanto, sempre
fomos detratores, é uma característica humana. Ao falarmos mal de alguém
imediatamente começamos a estabelecer o fato de que, eu e você, depreciamos
aquela terceira pessoa. Estamos aqui estabelecendo uma aliança, medonha e
perversa contra o outro. Nós não somos aquela terceira pessoa. Isto cria a
nossa identidade. Isto cria uma relação de amizade, porque você também não
gosta daquele. Somos solidários no maldizer contra o outro. Quem fala mal do
outro está fazendo detração, ou seja, está se considerando melhor ou superior à
aquele que está sendo depreciado.
Por
outro lado, a internet atomizou a possibilidade de que todos se tornassem
autores. Ela turbinou porque tira o ônus da presença física. É mais difícil
falar mal do outro com o risco físico da presença. O ônus de receber uma
resposta na cara ou até uma agressão física, mas também porque nesse nosso
mundo líquido, todos tornamo-nos autores com autoridade. No momento que abro uma
conta no Facebook, automaticamente ganho diploma de jurista especializado em
constituição. Apito a emitir opinião sobre impeachment, abalizada ao lado dos
maiores constitucionalista do Brasil, só porque eu tenho conta no Facebook.
No
momento em que tenho acesso a internet posso emitir opinião sobre medicina,
educação e filosofia. E se alguém me disser que estou errado eu digo: “é sua opinião”. É muito difícil separar
o limite da liberdade de expressão do limite da injuria, da calunia e da difamação. Em nome da liberdade de
expressão a gente acha que pode dizer tudo sobre todos. Ora, as palavras ferem,
as palavras podem reduzir as pessoas, as palavras podem agredir, as palavras
podem representar inclusive diminuição de questões profissionais das pessoas.
Um caso clássico em jornalismo da escola que foi caluniada a partir da fantasia
de uma criança. E após o depoimento de outras pessoas, esta escola foi
destruída. Os professores e dirigentes foram destruídos. Na verdade, foi um
engano, uma fofoca difamatória de pessoas maledicentes, sem nenhum escrúpulo.
Liberdade de expressão é garantida pela Lei e é
um dos grandes privilégios da nossa vida, porém, saber que as palavras ferem e
destroem é fundamental na responsabilidade da imprensa e de todo cidadão que
fala em publico, que publica ou comenta. Esse cuidado nós temos que ter. O
humor, a ironia popular, a charge, destilar seu veneno contra o outro, é uma
espécie de arma contra quem a gente não tem nenhum poder. A detração política
tem uma função. O problema se ela é apenas o ataque e o problema maior é dar
mais atenção à vida pessoal do candidato, do que as suas propostas. Parece que
a vida pessoal do candidato é muito mais relevante que suas propostas.
Portanto, a grande maioria das pessoas é de um
mau-caratismo espantoso. Vira e mexe ouvimos dizer: “sou como você e, rindo nós nos consideramos superiores ao alvo de
detração”. Quando na verdade, se fôssemos sábios, não atacaríamos a
ninguém, nem faríamos piadas de ninguém, nem teríamos preconceitos com ninguém.
Se fôssemos sábios, não haveria detração nem problemas no mundo causado pelo
preconceito. Em vez de risos nervosos por piadas preconceituosas, riríamos com
as crianças, com o mar, com o sol. Contudo, os fracos não tentam, os fortes
insistem, os sábios tem esperança por isso, os fracos nunca ganham os fortes
sempre perdem, e os sábios sempre alcançam. A humildade é a arma dos sábios.
Enfim, viver para o amor e para a paz é uma sabedoria dos humildes.
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