O
grande risco de nos perguntarmos sobre o que precisamos para ser feliz é que a
resposta pode ser assustadora. Todavia, para Midas, um personagem da mitologia
grega, rei da Frígia, nos coloca de frente com nossos valores. Medusa que foi
uma linda donzela atreveu-se competir com a beleza de Minerva. Assim, a deusa a
privou de seus encantos e transformou seus cabelos em horríveis serpentes.
Ela
tornou-se um mostro cruel, de aspecto tão feio que nenhum ser vivo podia
olhá-la que logo se transformava em pedra. Na caverna onde vivia, viam-se
homens e animais petrificados. Perseu com a ajuda de um escudo de Minerva
conseguiu se aproximar de Medusa. Olhando pelo escudo, sem fintar o seu rosto,
cortou-lhe a cabeça e a matou. Resolvi abordar este assunto a partir do mito de
Medusa, para explicar as relações frias e petrificadas que vivenciamos no dia a
dia.
A
frieza das grandes cidades transforma as relações humanas em um amontoado de
cidadãos de pedra. Será que minha constatação é exagerada? Realmente, temos de
diferenciar os relacionamentos. O universo próximo corresponde ao nosso ciclo
de familiares e amigos. Já o universo distante corresponde aos colegas e
conhecidos e as pessoas que habitam o mesmo planeta, mas sem contato algum
conosco.
Quando
viajamos a passeio ou a trabalho, entramos em um universo distante; por isso,
carregamos dentro de nós o universo próximo. Quantas vezes nos pegamos dizendo
ou pensando: “Ah! se aquela pessoa
especial estivesse aqui ao meu lado, iria adorar ver essa beleza natural. Vou
levar uma lembrança, sei que ela vai gostar muito”. Nesse universo próximo,
estão essas pessoas que amamos e, mesmo distante, as carregaremos por toda
vida.
Dizem
que a Medusa ronda o universo distante. Transformando em pedra todos que querem
se aproximar e, em outras vezes, somos transformados quando o contrário
acontece. O pior é que, com o avanço dos tempos, a Medusa está se infiltrando
em nosso universo próximo. A busca de um escudo para enfrentarmos quem vem pela
frente tornou-se vital. Ao redor da Medusa, todos padecem. O vazio toma conta
de todos que a encaram. Pensar nos escudos que usaremos e nas próximas gerações
é a grande resposta que teremos de enfrentar nos relacionamentos humanos.
Portanto,
conhecemos pessoas vazias por dentro, que não tem nada de bom para oferecer.
Nem afeto, nem sentimento de compaixão. Esqueceram o que é ser feliz. Só querem
ter razão em tudo que dizem. As amizades estão enfraquecendo a cada dia e
distanciando cada vez mais pessoas de bem. O ser humano está vivendo o seu pior
papel: “de exímio cidadão de pedra”.
Nas relações humanas existe um propósito único ao conhecermos alguém. Alguns
irão nos testar, outros irão ignorar o amor que sentimos e outros irão nos
ensinar grandes lições, que permanecerá pela vida toda. Contudo, o mais
importante nesse encontro é que alguns despertarão o que há de melhor em cada
um de nós.
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