Este
texto aborda o sentimento de liberdade do ser humano, contado pelo filósofo e
educador Rubem Alves (1933-2014). Já nos parágrafos iniciais, ele destaca claramente o
desejo de tranquilidade e segurança que nós humanos buscamos. Ele conta na sua estorinha, que vivia dentro de uma linda
gaiola um passarinho. Sua vida era segura e tranquila, assim como são a vida
das pessoas bem casadas e dos funcionários públicos. Era monótona, é verdade.
Mas monotonia é o preço que se paga pela segurança. Não há muito que fazer
dentro dos limites de uma gaiola, seja ela feita com arames de ferro ou de
deveres. Os sonhos aparecem, mas logo morrem, por não haver espaço para baterem
suas asas. Só fica um grande buraco na alma, que cada um enche como pode. Assim
restava ao passarinho ficar pulando de um poleiro para outro, comer, beber,
dormir e cantar. O seu canto era o preço que pagava ao seu dono pelo gozo da
segurança da gaiola.
Ah!
Se aquela maldita porta se abrisse. Pois não é que, para surpresa do
passarinho, um dia o seu dono a esqueceu aberta. Ele poderia agora realizar
todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre! Saiu. Voou para o galho mais
próximo. Olhou para baixo. Puxa! Como era alto. Sentiu um pouco de tontura.
Estava acostumado com o chão da gaiola bem pertinho. Teve medo de cair.
Agachou-se no galho, para ter mais firmeza. Viu outra árvore mais distante.
Teve vontade de ir até lá. Perguntou-se se suas asas aguentariam. Elas não
estavam acostumadas. O melhor seria não abusar, logo no primeiro dia. Agarrou-se
mais firmemente ainda. Neste momento um inseto passou voando bem na frente
do seu bico. Chegara a hora. Esticou o pescoço o mais que pode, mas o inseto
não era bobo. Sumiu mostrando a língua.
- Ei, você! – era uma passarinha – Vamos voar juntos até o quintal do vizinho.
Há uma linda pimenteira, carregadinha de pimentas vermelhas. Deliciosas. Apenas
é preciso prestar atenção no gato, que anda por lá... Só o nome gato lhe
deu um arrepio. Disse para a passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha
procurou outro companheiro. Ele preferiu ficar com fome. Chegou o fim da tarde
e, com ele a tristeza do crepúsculo. A noite se aproximava. Onde iria dormir?
Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde sua gaiola ficava
dependurada. Teve saudades dele. Teria de dormir num galho de árvore, sem
proteção. Gatos sobem em árvores? Eles enxergam no escuro? E era preciso não
esquecer os gambás. E tinha de pensar nos meninos com seus estilingues, no dia
seguinte.
Tremeu
de medo. Nunca imaginara que a liberdade fosse tão complicada. Somente podem
gozar a liberdade àqueles que têm coragem. O passarinho não tinha. Teve
saudades da gaiola. Voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta. Neste
momento chegou o dono. Vendo a porta aberta disse: - passarinho bobo. Não viu que a porta estava aberta. Deve estar meio
cego. Pois passarinho de verdade não fica em gaiola. Gosta mesmo é de voar.
Portanto,
essa tal segurança que temos em torno de nós, dentro das grades de nossa
vida (casamento e família), realmente existe? Comumente, ouvimos falar de
pessoas que morreram em casa praticamente sozinhas, sem nem mesmo saber por
quê. O grande problema da sociedade atual é acreditar que a segurança existe
para os que não saem de suas gaiolas. O ser humano deve entender que não se
pode fazer o que o passarinho da estória do nosso saudoso mestre Rubem Alves,
narra. Voltar para a gaiola achando que estará seguro. A segurança está em suas
atitudes. Afinal, a vida é uma dádiva que devemos aproveitar. Devemos curtir
cada minuto que temos. Devemos respirar o ar puro e sentir cada segundo a
liberdade que realmente temos que é: fazer
a nossa vida valer a pena! Porque, para morrer de verdade é uma vez só.
Para viver de verdade se morre muitas vezes.
Devemos curtir cada minuto que temos. Devemos respirar o ar puro e sentir cada segundo a liberdade que realmente temos que é: fazer a nossa vida valer a pena! Porque, para morrer de verdade é uma vez só. Para viver de verdade se morre muitas vezes.
ResponderExcluirMuitas vezes, as pessoas que vivem sozinhas, são as que escolheram , isso a sofrer, e não ser amadas,
Portanto, essa tal segurança que temos em torno de nós, dentro das grades de nossa vida (casamento e família), realmente existe? Comumente, ouvimos falar de pessoas que morreram em casa praticamente sozinhas, sem nem mesmo saber por quê. O grande problema da sociedade atual é acreditar que a segurança existe para os que não saem de suas gaiolas
ResponderExcluirTambem muitas vezes, estamos com alguém, mas estamos sozinhas, hoje tem gente que acredita que no celular ou na internet é estar junto, pura ignorância, estar sozinho muitas vezes então é melhor