A
quem pertence a nossa paz? De quem é a nossa tranquilidade de espírito? Se for
nossa, quem pode tirar? Quem pode me ofender? Como se explica o ressentimento
pelo qual algumas pessoas são afetadas? Uma verdade fundamental que ilumina a
nossa vida e deixar os ressentimentos para trás, é exercitar o poder espiritual
sobre nossa vida. Pois, ninguém tem esse poder de ofender o outro sem que o
permita. A menos que passe uma procuração para ser ofendido e julgado. O que
Jesus perguntou aos seus algoz: “Querem
me condenar?” Ele percebeu o clima pesado. Não respondeu nada, passou no
meio do povo e foi embora. Jesus não ficou pedindo: “Por favor me entenda, pelo amor de Deus não façam isso. Sou filho de
Deus e vim para salvá-los”. Imagina que ele iria se humilhar a tanto. Tem
pessoas que não adianta ficar pedindo compreensão. São portas fechadas e não
estão preparadas para tamanha grandeza. São incapazes de gestos nobres, de
generosidade. Gestos que se dispõe a sacrificar os próprios interesses em
benefício do outro; magnanimidade. São bons para julgar e condenar, sem pensar
no amanhã.
O
ensinamento budista tem um argumento muito interessante sobre a ofensa. Diz a
filosofia budista que: “a ofensa é uma
brasa que você atira na pessoa para queimá-la, como um fogo na mão que você
quer queimar a pessoa o máximo possível, e talvez você consiga. Mas, em cem por
cento dos casos, você queima a mão primeiro”. Quem ofende, revela
insegurança e fraqueza de espírito. A questão é que sempre vamos encontrar
alguém que aponte o dedo para nos execrar em nome da honra e da verdade. Que
verdade? Quem pode dizer que conhece toda a verdade? Mas, tem pessoas que são
convictas porque vivem de opiniões. Não adianta querer explicar, elas estão
surdas e cegas. Só escutam a elas mesmas e muito mal. O próprio Jesus disse: “Pai perdoa, eles não sabem o que dizem, são
ignorantes”. Geralmente, são pessoas amargas e mal resolvidas na sua
subjetividade. Como dizia o saudoso Padre Léo: “Não adianta dar banho em porcos, o lugar deles é na lama”.
Entretanto,
temos que pensar comparativamente, quem pode me ofender? Unicamente a quem eu
der esse poder. Sendo assim, a ofensa torna-se um fracasso pessoal. Os Estoicos
ensinam que não devemos se alterar diante das coisas que sejam desimportantes.
Há poucas brigas muito importantes na nossa vida. Sendo a maioria por motivos
fútil e banais. Contudo, existem pessoas rancorosas que nasceram para apontar
os erros nos outros, e se esquecem dos próprios, os chamados falsos moralistas
ressentidos. Alguns vivem dentro de igrejas e até praticam o ministério
eucarístico cristão em suas comunidades. Não passa de uma representação social.
Quando assumo o comando da minha vida, estou crescendo em Deus, de modo que a
mentira é uma visão distorcida da realidade.
Portanto,
todo ponto de vista é visto de um ponto. Somente vemos um pedaço da realidade e
não a realidade toda. Se quer ser uma pessoa de coração bom, mergulhe no ágape
da vida. Ninguém é bom o suficiente, enquanto não superar o mau que cresce dentro de si.
Aquelas pessoas pequena por dentro é que se fazem fortes por fora, quando sabem
que nos machucam. Quando começarmos a enxergar o nosso semelhante por um outro
ângulo, começamos a enxergá-lo de um jeito novo e mais humano. Nesse momento
recebemos uma graça linda de Deus, começamos a enxergar o outro com os olhos da
esperança. Porque amar o outro é esperar em Deus.
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