Para
ser um bom pai, o que é necessário? Ser pai é, antes de tudo, ser alguém aberto
ao mundo da criança. Para ser pai é fundamental ter a consciência de que não é
um super homem ou um semideus. O que um pai mais deseja é a felicidade dos
filhos. Vê-los estudando, encaminhando-se para a vida profissional, de forma
natural e serena. Para o filósofo Joseph Campbell, a maior autoridade no campo
da mitologia, argumenta que nas epopeias, frequentemente, quando o herói nasce,
o pai já morreu ou está em algum outro lugar, então o herói tem que partir à
procura do pai. Pois ele precisa encontrar esse pai para resgatar sua
identidade. Por conseguinte, no colégio que leciono filosofia no ensino
fundamental II, juntamente com minhas colegas professoras, trouxemos os pais
separados para dançar quadrilha com seus filhos. Todos estão levando a sério os
preparativos para esta grande festa junina no colégio. Será um encontro de
caráter familiar, onde o pai é o protagonista ao lado da filha amada.
Mas,
em que momento da vida é formado o caráter de uma criança? Caráter é um termo
usado na psicologia como sinônimo de personalidade. Caráter, em sua definição
mais simples, resume-se em índole ou firmeza de vontade. É um tema básico na
mitologia, o filho que sai a procura do pai através dos séculos, este por sua
vez simboliza a lei, a censura, o responsável pela formação do caráter do
filho. De modo que, na história de Jesus, o seu pai era o Pai do céu, que é um
termo simbólico aceito pelos cristãos. Quando é colocado na cruz, Jesus está a
caminho do Pai, deixando a mãe para trás. Para Campbell, a cruz que simboliza a
terra é, na verdade, o símbolo da mãe. Assim, na cruz Jesus deixa o seu corpo
sobre a mãe, de quem ele o havia herdado e, vai para o Pai, a suprema fonte
transcendente do mistério. É no Pai que ele vai encontrar a sua verdadeira
identidade.
Quem
quer ser pai deveria, antes de ter filhos, olhar para o espelho e dizer: “não sou Deus, portanto, o que vier como
filho não poderá ser alterado por mim, e terei não só de aceitar, mas também de
amar”. Muitos pais não percebem que o filho é uma pessoa singular, que
precisa seguir um caminho único, dele próprio. Ninguém quer um filho no caminho
do crime ou das drogas, muito menos da prostituição. Até nessa situação
extrema, uma boa parte dos pais aprende a amar os filhos. Uma boa parte dos
pais percebe, às vezes tardiamente, que, na diferença dos filhos, eles são
muito iguais aos pais.
Portanto,
nasce aqui o amor de poder viver e passar pela experiência que só os vivos é
dado a conhecer. Quando um filho sai para o mundo é algo de corajoso, pois o
desconhecido se abre: “o que acontecerá
comigo? Serei menosprezado? Terei dificuldades na escola e no emprego?”
Sabe que poderá não suportar e em dado momento, terminar como outros colegas
seus: no suicídio. O pai pode ser o
primeiro a jamais deixar isso acontecer. O pai dá a vida por meio do
espermatozoide; deveria mantê-la, nunca tirá-la. Contudo, conheci pais vindo da
roça, completamente brutalizado pela vida e analfabeto, mas com muito orgulho
dos seus filhos, mesmo aqueles filhos drogados, gays e prostitutas. Como
conheci também pais escolarizados, colocando sob tortura, filhos com esses
adjetivos. Enfim a figura do pai serve como modelo de comportamento para o
menino e também permite que a menina conheça e compreenda o universo masculino.
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