Uma
visão panorâmica do inicio da filosofia defendida pelo filósofo grego Górgias
de Leontino (485-375 a.C.). Para ele existe três proposições que nortearam
sua filosofia. A primeira: é que nada existe. Segundo: mesmo que existisse
alguma coisa, não poderíamos conhecê-la. E terceiro: concedido que alguma coisa
existe e podemos conhecê-la, não poderíamos comunicá-la aos outros.
Consta
que o próprio Górgias não levou a sério suas proposições e muitos estudiosos a
consideram um simples gracejo. Mas elas existem há vinte e quatro séculos e nos
estimulam a refletir. Se o cético afirma que não se pode saber nada, então lhe
perguntamos: como pode ele fazer tal afirmação? Está ele certo da verdade da
sua proposição? Se ele está certo, uma coisa pelo menos é certa e cognoscível,
e a afirmação de que nada pode ser conhecido é falsa. E se pode ser conhecida,
então alguma coisa também deve existir.
Entretanto,
narra-se que um cético, filósofo grego Crates de Tebas (365-285 a.C.), ao
perceber isso, nada mais dizia, contentando-se em mover o dedo. Mas Aristóteles
(384-322 a.C.), o grande mestre do pensamento, notou que também para isso ele
não tinha direito, porque o movimento do dedo exprime uma opinião e o cético
não pode ter opinião. Dizia Aristóteles que ele deve ser como uma árvore; com
essa é impossível discutir, porque ela nada diz.
Portanto,
vale lembrar, que Górgias era cético, pertencia à corrente do ceticismo, um
sistema filosófico fundado pelo filósofo grego Pirro (318-272 a.C.), que tem
por base a afirmação de que o homem não tem capacidade de atingir a certeza
absoluta sobre uma verdade ou conhecimento específico. No extremo oposto ao
ceticismo como corrente filosófica encontra-se o dogmatismo. Por conseguinte, o dogmatismo
é uma espécie de fundamentalismo do senso comum. Os dogmáticos expressam
verdades talvez não certas, indubitáveis e não sujeitas a qualquer tipo de
revisão ou crítica. Dogmatismo é uma atitude espontânea que temos desde criança
de expressar através do senso comum. É uma tendência para acreditar que o mundo
é da maneira que aprendemos e acreditamos que seja assim mesmo. Contudo, a verdadeira sabedoria passa em algum momento pelo desprezo das pessoas a nossa volta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário