A
educação brasileira deveria sem dúvida alguma, encontrar-se numa grande
encruzilhada para debater o momento presente que o país atravessa. O problema é
que não se encontra, e nem se quer tem um projeto educacional que possa
apresentar a sociedade. A educação no Brasil está na mão única da exclusão
social. Não temos um projeto social para uma educação de qualidade, que é o
centro do processo sistêmico e faz toda a diferença na formação do pensamento
crítico. Vivemos uma economia excludente e assistimos um Estado corrupto. Que esperança
nos resta diante dos fatos?
Do
ponto de vista dos países ricos, o sistema educacional brasileiro é visto como
formador de consumidores, onde o povo é adestrado para não pensar. A lógica, o
conteúdo claro e oculto da educação é este: “saber para dominar, dominar para enriquecer, enriquecer para desfrutar”.
Sendo assim, a educação deixa de ser um compromisso social. Tudo é consumo, até
as pessoas estão sendo coisificadas, é a vanguarda da mecanização do homem.
Subir na vida significa que muita gente, muitos povos sirvam de escada para
alguns poucos que tem esse privilégio. É possível uma alternativa para este
quadro atual? Seguramente que sim! Educação não é privilégio, é compromisso
social. Como podemos começar? Mudando a mentalidade vigente e enfrentar com
realismo esta situação excludente que perpassa a todos.
Entretanto,
uma indústria que se moderniza é aquela que enxuga sua mão de obra descartando
pessoas, apostando na robotização, na informatização e na automação. Ou seja, a
espiritualização das máquinas. A consequência disto é o desemprego em massa
crescente e o aumento do mercado informal e clandestino na sociedade. A
pergunta que ninguém se atreve a fazer é: será que a máquina necessariamente
leva a criação de pessoas descartáveis? Todos sabem qual é a resposta. Neste
sentido eu pergunto: para que estudar? Para ser engolido por esta estranha
máquina de entortar e triturar pessoas que é a atual economia mundial?
O
grande problema da educação brasileira como um todo, é que ela, claramente, diz
formar pessoas para a vida e, ocultamente, vai selecionando, classificando as
pessoas para serem excluídas e só uma minoria incluída, isto é, aqueles poucos
privilegiados. É o que a educação pública faz, sobretudo, através de avaliação
escolar que nada mais é do que um processo de seleção e classificação das
pessoas. Assim, existem os aptos e os inaptos. Para nós educadores captar,
perceber este mecanismo já é uma possibilidade de mudança. Adianta sim e muito,
garantir escolas de qualidade para todos. Se possível garanti-la numa outra
perspectiva, que não a de exclusão social.
Portanto,
sou a favor da tecnologia, mas, como meio, nunca como fim. Ela não nasceu (pelo
menos não deveria) para substituir pessoas, criar sofrimento e divisões. É
possível olhar a educação por outra perspectiva que não seja esta. A educação
não existe somente para as pessoas subirem na vida e sim para formar cidadãos,
seres humanos. Povo civilizado, teoricamente é um povo educado. Se nossos
jovens não refletirem sobre isto, continuaremos criando cidadãos de segunda
categoria, sem dignidade, propenso a violência. Contudo, em vez da lógica da
exclusão, porque não criarmos a cultura da solidariedade. Isto a educação sabe
fazer e muito bem. Ainda temos uma gama enorme de professores lúcidos no Brasil.
Uma cultura que incentive o conserto do que está quebrado poderá desviar para os serviços aqueles que
ResponderExcluirinsistem em procurar industrias para trabalhar.