Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife em 1921, e durante sua
infância vivenciou a fome e a pobreza. Lembrando que ele revelou-se um dos
maiores educadores do mundo, com significativo reconhecimento internacional,
mais do que consolidar uma metodologia, mais do que um jeito de ensinar,
concretizou um jeito de aprender. Comprometido com os mais pobres, caminhou na
busca permanente de justiça e igualdade para crianças, jovens e adultos de
nosso país. No nordeste do Brasil iniciou sua atuação primeiramente junto ao
Serviço Social de Indústria. Esta experiência, reconhecida por ele como um
tempo fundante, foi especial para que, junto com os outros importantes
educadores, trilhassem os rumos que consolidariam no Brasil os princípios que
até hoje norteiam a educação popular.
No estado do Rio Grande do Norte, durante os processos de
implantação de turmas de alfabetização de jovens e adultos, fez nascer os
Círculos de Cultura, que eram mais do que espaço para a leitura das palavras.
Eram o lugar de ler o mundo, onde a conscientização do sujeito e a busca pela
igualdade eram o principal conteúdo aprendido. As palavras geradoras lidas no
cotidiano compunham o repertório cultural daqueles grupos que em casas, igrejas
e ruas conquistavam o direito de ler e escrever.
A plena atuação no nordeste resultou em um convite feito pelo
então Presidente da República, João Goulart em 1963, para que Freire fosse
secretário nacional de alfabetização, com o intuito de pensar e implantar um
Plano Nacional de Alfabetização para o Brasil. Porém, impedido pelo Golpe
Militar de 1964, a grande experiência de educação popular, que ganharia
repercussão em todo o Brasil, não saiu do papel. Acredita-se que, se Freire não
fosse interrompido, hoje em nosso país não teríamos 14 milhões de analfabetos
absolutos e um pouco mais de 35 milhões de brasileiros em situação de
analfabetismo funcional. Dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
Paulo Freire foi preso e posteriormente exilado. Percorreu o mundo
com sua amorosidade e sua plena capacidade de aprender com as pessoas e suas
culturas. Neste período dedicou-se a estudos, palestras, consultorias, produção
de livros, que, ao longo de sua trajetória e até hoje, continuam sendo fonte de
inspiração e estudo para educadores e professores de diferentes lugares do
mundo. Entretanto, em 1980 Freire retornou ao Brasil e, em 1986, tornou-se
secretário de educação na cidade de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina.
A experiência na gestão municipal possibilitou a Freire a concretização de
várias ações como a Implantação do Movimento de Alfabetização de Adultos
(MOVA), posteriormente adotado como ação educacional por outras prefeituras.
Como princípios de sua atuação, Freire destacou a importância do
diálogo, caracterizando-o como uma atitude de amor, humildade e capacidade de
ter fé nas pessoas, no poder de criação e recriação do ser humano. Para ele não
havia educação neutra, pois este é um ato político que visa à superação da
consciência ingênua, substituindo-a pela consciência crítica, reforçando a
ideia de que as pessoas são responsáveis pela construção e reconstrução da
realidade em que estão inseridas.
No entanto, seus escritos, assim como suas ações, foram dedicados
a pensar o ato pedagógico e contribuir para a formação de educadores e
professores, para os quais despendeu muita atenção. Traçava o educador como um
animador cultural que, ao reconhecer a realidade de seus alunos e de sua
comunidade, promove a ação cultural e a educação como um grande encontro de
saberes.
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