A leitura no mundo moderno é
a habilidade intelectual mais importante a ser desenvolvida e cultivada por
qualquer pessoa de qualquer idade. Os jovens que não tiveram a oportunidade de descobrir
os encantos e os poderes da leitura terão mais dificuldades para realizar seus
projetos de vida do que aqueles que escolheram a leitura como companhia. Apesar
dos atrativos atuais trazido pelas novas tecnologias, hoje há um número
expressivo de jovens que leem porque gostam e ao mesmo tempo são usuários da internet. Aqueles que são leitores têm muito mais chances de usufruir do vasto
conteúdo da internet, do que aqueles que não têm contato com a leitura de
livros, jornais e revistas. Contudo, é a leitura literária (contos, crônicas e
narrativas), que alimenta a imaginação, a fantasia, criando as condições
necessárias para pensar um projeto de vida com mais conhecimento sobre o mundo,
sobre as coisas e sobre si mesmo.
A família é decisiva para
incentivar a leitura. Além do exercício intelectual partilhado, a leitura entre
pais, filhos, irmãos, tios e avós agrega o componente afetivo de maneira muito
forte, fortalecendo o ato de ler. Hoje compreendo que ler junto com os filhos é
dar afeto também. Nas famílias com poder aquisitivo para comprar livros e que
já estejam motivadas para ler com os seus filhos e conversar com eles sobre os
livros, essa tarefa é mais fácil. Eles sabem o quanto esse ato é importante
para a educação dos filhos e para fortalecer os laços de amizade na família. Difícil
é para as famílias de baixa renda, que não podem comprar livros e que muitas
vezes não são elas mesmas leitoras. Nesses casos, temos conhecimento de
ocorrências no sentido inverso que são emocionantes. Os filhos de pais
analfabetos levam a leitura para seus pais que, orgulhosos e curiosos,
partilham o ato de ler como um bem precioso. Mesmo sem serem leitores, eles
sabem que isso vai proporcionar uma vida melhor do que a que tiveram para seus
filhos.
No entanto, o analfabeto
percebe melhor do que ninguém, o que é estar excluído do mundo à sua volta por
não saber ler e interpretar com independência. Por isso, ele quer para seus
filhos a condição de letrados. É obrigação de todos nós, que temos o privilégio
de sermos leitores, enfrentarmos os entraves criados por uma sociedade
brasileira elitista e conservadora para que todos tenham a oportunidade de
trilhar o caminho da leitura e decidir, por eles mesmos, se querem continuar nele
ou não. Vejo isto como uma decisão pessoal de cada um desde que as condições
sejam dadas e garantidas pelos governos com bibliotecas escolares, públicas e
professores, em conjunto com bibliotecários formadores de jovens leitores.
O acesso aos livros
aumentou, principalmente nos últimos 20 anos. Os programas dos governos de
compra de livros de literatura para as escolas do ensino fundamental e médio
mudaram o cenário literário. Atualmente, a grande maioria das escolas públicas
brasileiras tem um acervo de livros de literatura de qualidade para uso de seus
professores e alunos. Mas, para que essa conquista resulte efetivamente em mais
leitores, tem que estar integrada com outras ações dos governos e da sociedade
em que a leitura seja considerada um bem cultural desejado e valioso. Quero
dizer com isso que, por exemplo, a formação dos professores do ensino
fundamental e do ensino médio deve ter o seu eixo principal na leitura e na
escrita. Somente com professores que sejam leitores, será possível exigir dos
alunos que eles leiam, interpretem e escrevam com fluência.
Por outro lado, as escolas
devem incentivar projetos para criação de bibliotecas, começando com pequenos
acervos. Abri-la todos os dias e todos os horários e orientar os professores
para que a usem como fonte de referência para seus planejamentos e para suas
leituras, além de ser local de visita livre, e também obrigatória, por parte
dos alunos. O projeto pode contemplar grupos de leitura livre para os
professores e grupos de estudo na biblioteca. Ela deve estar aberta às famílias
que deverão ser convidadas a participar de suas atividades e mesmo contribuir,
como voluntárias, para a sua organização. Organizar feiras de livros e convidar
escritores será eficiente, se a leitura fizer parte central do projeto da
escola e a biblioteca for o seu cérebro de onde emanam as ideias, os
questionamentos e os projetos, assim como também, um lugar para simplesmente
desfrutar da boa leitura como lazer.
Portanto, faço parte daquele
grupo de educadores, que acha que as novas tecnologias como a internet não
tiram, nem vão tirar o prazer de ler um livro de literatura. Se alguém sentir a
mesma emoção ao ler um texto literário na tela do computador, que uma pessoa
sente lendo no livro, e se isto possibilitar que ambos pensem sobre o que leram
e possam trocar suas opiniões, sentimentos e ideias, é o que importa. Essa é a função
integradora da literatura. A escrita literária faz-nos olhar as palavras de
maneira única e especial, e mobiliza-nos para, ao mesmo tempo em que nos
deliciamos com elas, possamos viver uma história que nos leva a entrar pela
página adentro, ou pela tela do computador, levados pelo fascínio dessa
construção artística que poucos dominam. Contudo, acredito firmemente que todo
bom professor é um bom leitor e vice-versa. Considero um bom leitor aquele que
tem na literatura o seu alicerce principal que é o que abre as portas e
consolida. Formar professores leitores é dar condições para que eles tomem a
leitura literária como parte das suas vidas. Sem desfrutar dessa leitura,
dificilmente o professor contribuirá para que seus alunos sejam leitores.
Somente com professores que sejam leitores, será possível exigir dos alunos que eles leiam, interpretem e escrevam com fluência.
ResponderExcluirsabe nunca havia conhecido alguém, como você, que ame tanto a educação, e se preocupe tanto com o aluno assim....parabéns querido lindo seu texto