A esperança é a sensação
motivadora que nos mantém vivos. Ter uma vida plena, um estado maior de
vivência, uma libertação da tristeza eterna, acreditar no amor que sente ao
invés de especular ou maltratar esse amor. Isto não é acreditar e nem apostar
no amor que sente. Quando se ama com o coração e não com palavras vazias,
cria-se uma expectativa conciliadora. Na verdade, esse tipo de expectativa
poderia ser a esperança que tenho no amor. O mundo que nos espera não está por
ser conquistado com a força, mas está por ser construído com amor. Mas se a
pessoa vive num estado de passividade e de espera, isto não é esperança e sim resignação.
É deixar morrer o que existe de mais sagrado na essência humana.
Entretanto, a esperança é um
elemento decisivo em qualquer tentativa para ocasionar mudanças pessoais e
sociais na direção de uma consciência maior. O objetivo da esperança é um
compromisso com a vida afetiva e amorosa. Conheço casais que dizem se amarem e
quando se desentendem logo pensam em outro. Mal sabem que estão matando a esperança de viver
plenamente um amor de boa qualidade. No fundo estão se destruindo. Infelizmente
ainda existem mulheres e homens que pensam que quanto mais usa o seu corpo,
mais livre se tornam. O ideal dessas pessoas é ser desejadas como um bom
produto. Isso não leva a lugar nenhum a não ser, a uma profunda frustração,
porque depois de saciado esse desejo só lhes resta o tédio, uma vida de
miséria.
Todavia, ser aberto para o
amor, acreditar no amor, ter esperança e procurar viver no amor, é necessário
reunir todas as suas forças e todo o seu potencial adormecido até então. Essa é
uma situação raramente experimentada pelas pessoas na vida real. Quando o amor
aparece não sabem muito bem como lidar por medo de sofrer. No entanto, foi por
medo que crucificaram Jesus, foi por medo que deram um tiro em Gandhi, foi por
medo que decapitaram o filósofo inglês Thomas Morus e foi por medo que
envenenaram o filósofo grego Sócrates. Enfim, a sociedade tem pouco espaço para
a honestidade, para a ternura e, principalmente, para a bondade. Medo de que
seus membros descubram a importância do amor para suas vidas.
Tanto o homem como a mulher
se tiver uma relação de boa qualidade, não precisa mais do desejo um do outro.
Ninguém deseja o que possui. A mulher ou o homem deixa de ser objeto do desejo
mútuo para ser objeto de excitação um do outro, portanto, para se concretizar a
excitação haverá as trocas gostosas de carícias, o estabelecimento da
intimidade e o esquentar das relações que são estreitadas a partir da aceitação
das carícias e da mútua reciprocidade. Nesta relação de reciprocidade se vai o
medo e reforça as esperanças que ambos cultivam.
Há um sentimento de apatia
corroendo o coração da humanidade, como muito bem assinalou o sociólogo e pesquisador polonês Zygmunt
Bauman (1925), no seu texto Pós Modernidade, fazendo uma radiografia das
relações humanas, onde cada vez mais está em moda o amor líquido. O sexo casual como muitas pessoas
apreciam, também faz parte dessa visão aristocrática, sempre é importante
entender que ele privilegia umas poucas minorias e desfavorece a grande
maioria. Por exemplo, aquelas pessoas mais sinceras, aquela mais fiel, as que falam
a verdade, as que não gostam de fofocas, as que não frequentam vida noturna e
as que não atendem as exigências do mercado de consumo do corpo sarado,
bonitinha e sexy. Quem não reúne esses pré-requisitos, sempre são
marginalizadas.
Portanto, o amor que
dedicamos a alguém, mesmo que não seja correspondido, é para nós um benefício,
mesmo sem ser amado, viver esse amor é uma grande felicidade. O amor é como uma
planta florida que perfuma tudo com a sua esperança, até as ruínas e
turbulências eventuais que nos abate. Vejo o amor como um ninho, onde a
felicidade de duas pessoas, atraídas por esse sentimento constrói-se pedacinho
por pedacinho, através de esforços mútuos e de muita compreensão um pelo outro.
Contudo, a boa relação é quando alguém aceita o seu passado, apoia o seu
presente e motiva o seu futuro. Para isso é preciso que o amor seja tão íntimo
que se torne eterno, para que perdure, é necessário penetrar na essência um do outro.
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