A
dor é tanta que a procura das palavras se transformam num peso enorme. Empurro
as palavras como quem empurra blocos de granito. Gostaria mesmo é de ficar
quieto, não dizer nada, não escrever nada. Sei que minhas palavras são inúteis.
A morte do amor faz com que tudo seja inútil.
Olho
em volta as coisa que amo, os objetos que me davam alegria, as plantas, os
rios, pássaros cantando e voando livremente. Hoje rego as plantas por
obrigação. O dever me empurra: elas precisam de mim. E esse amor por onde
andas? Será que ele esqueceu que clamo por ele todas os dias? Está tudo
cinzento, sem brilho, sem cor e sem gosto. Nem o vinho que gosto bebo mais!
Recordo-me
das palavras de Cecília Meireles. Palavras que, acredito, foram escritas muito
antes desse amor nascer, antes que esse amor já tivesse transformado em beleza,
por ser um amor proibido, está longe do meu alcance: “Eu não tinha este rosto de hoje. Assim calmo, assim triste, assim magro.
Nem estes olhos tão vazios. Nem o lábio amargo. Eu não dei por esta mudança. Tão
simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face”?
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