As
pessoas têm uma tendência a tratar com superficialidade a felicidade quando ela
se propõe. Basicamente não valorizam muito as relações amorosas quando as têm.
Sempre querendo ter razão em vez de ser feliz. Viram as costas e partem em
busca de outros amores, achando que vai ser melhor um novo amor.
Na
verdade, não muda muito. Aquele período de luto do amor que juntos viveram, não
se cumpriu. Aqui fica a seguinte observação: “se a pessoa mal encerrou a relação e já está com o pé em outra, é
porque ela não se valoriza”. Entre uma relação e outra existe um período de
estiagem, de muita reflexão, de avaliação. Sobretudo, para não cometer os
mesmos erros.
Pois
se tratando de seres humanos, acima de tudo temos que nos dar valor para poder
valorizar o outro e ser valorizado, caso contrário essa pessoa não te merece. É
o mesmo que viver uma relação descartável, usa e joga fora, não consegue
aprofundar na essência um do outro. Vive-se uma relação pautada no desrespeito
e na exploração.
As
pessoas não sabem e não querem saber, o quanto custa o prazer que não têm e que
está aí ao alcance das mãos e do corpo. Contato, carícia, abraço, intimidade,
amor, quem não quer? É ridículo o nosso contorcionismo psicológico, a fim de
conseguir fazer de conta que o outro só nos interessa pela sua aparência e pelo
seu corpo sarado. Esquecemos que o corpo pertence ao tempo. Achamos que não
precisamos de mais nada. E não cuidamos do principal, que é o amor que sentimos
um pelo outro!
É
preciso fazer algo pela relação amorosa em vez de continuar procurando quem é
que devia ou quem é o culpado. E com isso ficamos justificando que tem outros
amores melhores, na tentativa de agredir o outro. Essa conspiração contra a
felicidade, contra o amor, que poderia ser de boa qualidade, pode acarretar
outros problemas futuros. Certamente, vai levar para a nova relação às mesmas
dificuldades de filtragem e assim, sucessivamente. O mal não está em errar a
dose. O mal está em não aprender a dosar os conflitos.
Como
os costumes de convivência se desenvolvem lentamente, as pessoas, na verdade,
não percebem o que está acontecendo, a não ser pelo mal estar ou pelas brigas
que não resolvem. Não é um problema de ensinar a viver, ainda que ensinar
também tenha cabimento, penso que é uma questão de mostrar, apontar, fazer o
outro ver o que está acontecendo. Como seria bom se as pessoas fossem vazias
como o “céu”, e não tão cheias de
palavras, de ordens e de certezas.
Só
amamos as pessoas que se parecem com o "céu", onde podemos fazer voar nossas fantasias,
como se fossem pipas. Tenho para mim que o maior perigo do nosso mundo não está
na violência urbana, nem mesmo nos poderosos; está na falta de alegria de viver
das pessoas, no seu tédio, na sua frustração e na sua indiferença. Por isso
faz-se necessário desejar outros relacionamentos, superficiais tanto quantos já
viveram e continua vivendo. Triste fim para muitos!
Portanto,
a pessoa que torna superficial as relações amorosas ou que se aliena, pouco a
pouco, faz com que vá crescendo nela o desejo de que esse mundo, infeliz, árido
e ameaçador, termine de vez com os seus sonhos narcísicos. Enfim, a mais
profunda felicidade do “normopata” é
livrar-se de sua vida infeliz, matando quem lhe ama na fantasia, partindo em
busca de um novo amor centrado no seu egoísmo. Aqui vai um conselho: “não importa o que a vida fez de você, mas o
que você faz, com aquilo que a vida fez de você”.
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