Na
verdade, eu sei o que acontece com as pessoas e o que elas desejam, ao procurar
uma psicoterapia; é reaprender a esquecida arte de Rezar. Claro que elas não
sabem disto. Falam sobre outras coisas, dez mil coisas diferentes. Não sabem
que a “alma” deseja uma só coisa, cujo nome esquecemos. Preocupados com a
beleza, com a estética e continuam escravos da ganância, aonde estão todos presos
ao mundo de fora.
Como
disse o poeta, dramaturgo e crítico de língua inglesa, considerado um dos
representantes mais importantes do modernismo literário. Recebeu o Prêmio Nobel
de Literatura em 1948, estudou filosofia e literatura em Harvard, Thomas
Stearns Eliot (1888-1965), dizia ele que temos conhecimento do movimento, mas não
da tranquilidade; temos conhecimento das palavras e ignoramos as palavra.
Sendo
assim, todo o nosso conhecimento nos leva para mais perto da nossa ignorância,
e toda a nossa ignorância nos leva para mais perto da morte. Por detrás da
nossa tagarelice (falamos muito e escutamos pouco) está escondido o desejo de Orar. Muitas palavras são ditas porque ainda não encontramos a única palavra
que importa. Eu gostaria de demonstrar isso agora. Para começar, abra bem os
olhos! Veja como este mundo é luminoso e belo! Tão bonito que o filósofo alemão
Friedrich Nietzsche (1844-1900) até mesmo lhe compôs um poema:
“Olhei para este mundo – e era como se uma
maçã redonda se oferecesse à minha mão, madura dourada maçã de pele de veludo
fresco. Como se mãos delicadas me trouxessem um santuário, santuário aberto
para o deleite de olhos tímidos e adorantes: assim este mundo hoje a mim se
ofereceu“.
Tudo
está bem. Tudo está em ordem. Nada impede o deleite dessa dádiva. Ninguém
doente. Nenhuma privação econômica terrível. O que há mesmo, é o gostar das
pessoas com quem se vive, sem o que a vida teria um gosto amargo. Mas isso não
é tudo. Além das necessidades vitais básicas a alma precisa de beleza. E a
beleza está em todos os lugares, na lua, na rua, nas constelações, nas
estações, no mar, no ar, nos rios, nas cachoeiras, na chuva, no cheiro das
ervas, na luz que cintila na água crespa das lagoas, nos jardins, nos rostos,
nas vozes, nos gestos.
Além
da beleza estão os prazeres que moram nos olhos, nos ouvidos, no nariz, na
boca, na pele. Como no último dia da criação, temos de concordar com o Criador:
“olhando para o que tinha sido feito, viu
que tudo era multo bom”. E, no entanto, sem que haja qualquer explicação
para esse fato, tendo todas as coisas, a alma continua vazia. Álvaro de Campos
é um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935), ele
colocou este sentimento num poema:
“Dá-me lírios, lírios, e rosas também.
Crisântemos, dálias, violetas e os girassóis acima de todas as flores. Mas por
mais rosas e lírios que me dês, eu nunca acharei que a vida é bastante,
Faltar-me-á sempre qualquer coisa. Minha dor é inútil como uma gaiola numa
terra onde não há aves. E minha dor é silenciosa e triste como a parte da praia
onde o mar não chega.“
Portanto,
como se uma nuvem cinzenta de tristeza-tédio cobrisse todas as coisas. A vida
pesa. Caminha-se com dificuldade. O corpo se arrasta. As pessoas procuram a psicoterapia
alegando faltar um lírio aqui, uma rosa ali, um crisântemo acolá. Buscam,
nessas coisas, a única coisa que importa: a alegria. Acontece que as fontes da
alegria não são encontradas no mundo de fora. É inútil que me sejam dadas todas
as flores do mundo: as fontes da alegria se encontram no mundo de dentro. Ou
seja, dentro de cada um de nós.
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