Demora,
mas vem. Depois do encontro, da festa, do êxtase, das delícias em fila, dos
sentimentos em fartura, da esperança vigorosa, da promessa de felicidade, do
amor em seus indícios, da saudade e seus inícios, depois de tudo isso, quase
sempre vem a tristeza nos fazer companhia. Uma fria e descabida tristeza que
sempre vem.
No
fim de tanta alegria perfeita dá as caras uma dura, cruel e implacável sensação
de desalento. Depois das emoções superlativas vem um quase nada, um vazio
dolorido, uma luz amarela, abatida, luzindo acanhada pela fresta da porta, como
quem espia um estranho, o quarto do homem sozinho que tropeçou em seu amor
iluminado pelo sol e morre de medo do escuro.
De
vez em quando me acontece de ser triste. Vai ser assim para sempre? Como diz o
jornalista e publicitário André Gomes: “é
da vida e não precisa ficar triste por isso”. Depois passa é verdade. A
angústia e a tristeza visitarão nossa alegria de quando em vez, como velhos
vizinhos indesejados cobiçando nossa amizade, nossos bens maiores e nossos
afetos. Então seremos como dois soldados em guerra contra o que nos ameaça, protegendo
as costas um do outro.
Como
dizia o filósofo, escritor e teólogo judeus Martin Buber (1878-1965): “seguiremos assim até voltarmos a ser nada
senão Eu e Tu em nosso ontem, nosso hoje e nosso depois de amanhã”. Cabe
acrescentar, perdidos em nosso caminho certo, seguindo honestos nosso rumo
escolhido, cuidando de nós, tratando dos nossos. Vivendo o amor em sua longa e
linda e eterna imperfeição.
Portanto,
essa coisa de não ter felicidade o tempo todo, se passa com todo mundo. Vira e
mexe passa com aqueles que estão entre nós. E quando nos faz tristes, nos
mostra o quanto podemos ser muito, mais muito mais felizes. É só uma questão de
serenidade e sabedoria, para perceber que a felicidade está dentro de cada um,
basta olhar para dentro de si mesmo.
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