Tornou-se muito comum as pessoas nutrir uma atitude
de posicionar-se frente à vida de maneira arrogante e prepotente, que impede de
enxergar o que está além de si mesmo. Há uma tendência, principalmente entre os
jovens, de acharem que sabe e pode tudo, que está sempre certo e os outros
errados. Cuidado, essa postura pode ser uma doença. Todavia, existe uma fase na
vida em que despertam estas características: ver-se como o centro do universo,
ter um ponto de vista limitado, defendê-lo ferrenhamente e não conseguir
colocar-se no lugar do outro, sendo incapaz de modificar a própria conduta.
Este é um comportamento egocêntrico, que impede o indivíduo de compreender o
que vem de fora. Está sempre certo e os outros errados, ele sabe tudo. Esse é o
tipo mais odioso de pessoa, para se conviver.
É comum na infância a criança desenvolver uma típica
forma de pensamento mágico: quando ocorrem duas coisas simultaneamente. Se o
outro está de mau humor, deve ser por minha causa; se está bem comigo hoje,
deve ser porque alguém me elogiou. Deduzo o que me convém, para me
tranquilizar, e esqueço-me de ver a realidade como ela é. Se não consigo ter
clareza sobre o que está acontecendo, em vez de usar o “dedutômetro”,
seria melhor perguntar diretamente. Mas o egoísta não faz isto porque ele acha
que o mundo gira em torno dele. Esta fase ocorre naturalmente entre dois e sete
anos de idade, na fase do pensamento pré-operacional ou do egocentrismo. Esse é
um período no qual a criança acha que sabe tudo, muito mais do que os adultos.
Entretanto, de acordo com a idade pode ser pouco, se
comparado à de um adulto, ou ser muito para alguém jovem, mas nem por isto
deve-se pensar que sabe tudo. A leitura, o conhecimento e o aprendizado vão
mostrando-nos que quanto mais sabemos, mais sabemos que não sabemos nada. O
astuto acha que sabe tudo e o sábio é aquele que sabe que estará em constante
processo de aprendizado. O mundo não gira apenas ao nosso redor, que existem
fatores alheios e externos que nos ajudam a perceber que não estamos sozinhos
no mundo e que os outros não estão ali somente para nos servir, como pensa as
crianças que é servida pelos adultos devido as suas limitações pela
idade.
Aquele que se enquadra nestas características, ao
menos em parte, precisa expandir a consciência, ampliar a cultura, ler mais,
obter mais informações, permitir-se amadurecer, considerando que o mundo do
outro também faz parte do próprio mundo, direta ou indiretamente. A teimosia, o
egoísmo, a falta de benevolência, a intransigência, a arrogância e o orgulho
são sintomas de egocentrismo, de uma “parada” no tempo do desenvolvimento
intelectual, emocional, moral e social. Devemos observar a nós mesmo em
momentos de teimosia, de defesa de nossas ideias e questionar a nós mesmos
como: “Por que sou teimoso e insisto
tanto no erro? Estou certo na minha
insistência? Isto me leva a algum
lugar? Estou aberto ao ponto de vista
do outro, mesmo que sua opinião seja diferente? Quero impor minha maneira de pensar ao outro? Só levo em conta o que quero e quando quero? Vale lembrar, da
vida nada se leva a não ser a vida que se leva.
Portanto, quando a pessoa passa essa fase de maneira
inadequada, levam para a vida adulta neuroses, psicoses que se transformam em
enfermidades mentais, como a esquizofrenia, o transtorno de personalidade
narcisista e o transtorno bipolar. Ocorre um desinteresse pelo que é do outro,
tornando-se responsável pela perda de contato com a realidade. Carrega em seu
inconsciente uma culpa por ser quem é, remetendo-o a um sentimento de
inferioridade, incapacidade e inadequação, à vulnerabilidade ao humor do outro.
Tudo isso por não estar ao alcance do consciente devido às resistências e ao
sentido de preservação. Acaba tomando o sentido inverso: ao invés de se sentir
inferior, toma o caminho da arrogância, da petulância e do pedantismo. Talvez
como forma de defesa. Dessa maneira, instala-se uma falsa sensação de proteção,
convencendo-se de que sua autoestima é muito bem manejada e adaptada.
Vivendo uma situação infernal de ruim e dizendo que o outro é a causa do seu
desconforto.
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