Consideramos
junho como o mês dos namorados. Talvez pelo romantismo que a data doze de junho
nos envolve. Assim, como dia treze de junho, que se comemora o dia de Santo
Antônio, santo casamenteiro, segundo dizem os devotos. É um dia para consolidar
o amor. A paixão está no ar e no olhar dos amantes. É a razão pela qual ninguém
teria razão para nos tirar. É ser só de alguém e nunca deixar esse alguém só.
Penso que amar é olhar para dentro de si mesmo e dizer: “eu quero alguém
para ser feliz”. Há uma tentativa de explicar a razão contida em gestos
basicamente instintivo das seduções. Por que será que o olhar da sedução é tão
fascinante a ponto de despertar inesperadamente o desabrochar da paixão? Na
verdade, é a paixão que vem primeiro. Aqui está um enigma para os humanos
pensar. Todavia, os poetas já diziam que os olhos são a janela da alma. E de
alma o grande filósofo grego Platão (427-347 a.C.), entende. Já dizia o poeta:
“é no olhar que te vejo, no olhar te mexo e no olhar-te desejo”.
Apesar
de todo o temor que sentimos diante do encontro amoroso. Embora não o
reconheçamos, ainda assim o amor permanece como um enigma que norteia a nossa
vida. Até porque há uma tendência em nós, de maltratar o amor quando ele
aparece. Agregamos tudo de ruim, a começar pelo ciúme que é um péssimo
sentimento. Justificamos como se isto fizesse parte do amor. As pessoas sempre
buscaram preencher o sentido da sua existência com amor. Esse sentimento que
sempre se apresentou como um mistério para os humanos, que ao longo dos
séculos, filósofos, poetas, assim como os psicanalistas, tentaram desvendar.
Mas, quem melhor explicou e mais aproximou o amor dos humanos, foi o filósofo
grego Platão.
No
diálogo o “Banquete”, que até virou peça de teatro, Platão explica a
origem do amor, a partir da mitologia grega. Diz nos seus diálogos que num
passado remoto existiam criaturas monstruosas. Metade homem e metade mulher.
Seres humanos completos, com duas faces, quatro braços, quatro penas, continha
em sim mesmo os dois sexos. Essas criaturas andrógenas, num dado momento,
resolveram invadir o “Olimpo”, a morada dos deuses. Zeus como o
representante maior dos deuses e responsável pelo Olimpo, na tentativa de punir
essas criaturas andrógenas ele num golpe as partiu ao meio, tornando-se metade,
separando em dois sexos. De modo que foi a partir daí, que essas criaturas,
saíram pelo mundo e passaram a buscar incessantemente a outra metade, para
assim restituir a plenitude perdida. Claro que isso é uma explicação
mitológica, mas que faz todo o sentido para nós humanos. Cada um tem a sua
essência, é um ser único, não existe outro exemplar idêntico. Portanto, somos
individualmente insubstituíveis.
Segundo
Platão, essas criaturas somos nós mesmos, em busca da nossa parte perdida, ou
seja, é no outro que vamos encontrar a nossa cara metade. Por conseguinte, é
através do amor que buscamos a nossa unidade perdida, a totalidade que se
rompeu com a separação. O que fazemos no momento da sedução? Senão buscar no
outro a nossa identidade. Desta forma, viver o verdadeiro encontro amoroso
seria reviver o encontro com a nossa própria essência, que desperta com o amor.
Sendo assim, o meu desejo pelo outro é para nos crescer juntos neste amor. De
modo que tudo que você ama eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará
de uma forma diferente. A natureza é tão pródiga com seus filhos. Às vezes
percebo que o mundo é o lugar mais lindo que existe, e vejo a imensa sorte que
temos de viver nele.
Portanto,
para o poeta o amor é uma vida, mas, uma vida que é e foi um tudo que sempre se
manterá. O amor de uma vida, o sangue do sempre. Uma vida em dádiva, um nada
inexistente e tudo existe. Passam anos, nascem flores de todas as cores e corre
o rio sem medida e passam anos sem que nosso amor desvaneça. Tudo muda,
sorrisos de esperança como canções são declamados no coração de alguém, que
como nós amamos também, porém, no tempo da eternidade. Concluo essa reflexão
parafraseando o poeta Vinícius de Moraes: “De tudo ao meu amor serei atento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto
dele se encante mais meu pensamento”. Contudo, enquanto houver uma alma
apaixonada, o cérebro e o coração dividirão a soberania das emoções,
confundindo paixão e amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário