O amor está presente no nascimento da filosofia. No
período clássico da Grécia Antiga, o amor é uma das questões mais importantes.
Podemos dizer que a filosofia começa com a descoberta do amor. O amor é o que
nos faz pensar. Na base do amor está o espanto, o encantamento. Quando estamos
encantados por uma pessoa ela torna-se o nosso Guru. Quando juntos sentimo-nos
iluminado. Sua presença nos acende, produzindo um brilho intenso. No entanto,
para os filósofos antigos, o amor não era uma palavra complexa, mas três
palavras que determinava a complexidade deste sentimento: “Eros, Philia e
Ágape”. Cada uma delas tenta designar um sentimento que é bem maior que a
própria palavra contida no verbo amar. O sentimento nunca é simples, a palavra
que o batiza também não o é.
Todavia, o amor pode ser pensado como a capacidade humana
do enlace, da união, da relação com a vida, a natureza, a espécie humana, com
uma causa privada ou pública; como no famoso texto de “Coríntios 13”, o
amor pode ser a capacidade de tudo aceitar, esperar e suportar, ou o que, no “Evangelho
de João”, deveríamos oferecer uns aos outros junto com nossas vidas, se
fôssemos verdadeiramente amigos, se aceitássemos a ideia de que o amor é um
mandamento. Como para o existencialista, filósofo e teólogo dinamarquês Soren
Kierkegaard (1813-1855), que no século XIX, escreveu “As Obras do Amor”,
para quem o amor poderia ser um pleno cumprimento da lei, uma questão de
consciência.
Portanto, o amor é amor pelos outros (a caridade cristã,
Ágape em grego): amor sem interesses. Quase nem nos parece amor. Não sabemos
pressentir ou desfrutar do amor no silêncio do outro. Há um diálogo espiritual
que não percebemos. Não aprendemos a viver com essa definição. Contudo, encerro
essa reflexão com um provérbio chinês que preconiza o amor para além da
filosofia: “O ontem é história, o amanhã é um mistério, mas o hoje é uma
dádiva, por isso que se chama presente”.
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