Na
verdade, o Tantra é uma filosofia hindu milenar. Seus preceitos se baseiam na
ideia que o corpo é um meio para o conhecimento, e a nossa consciência reside
também nele e não só na nossa mente. Por isso o corpo é merecedor de atenção,
reconhecimento e respeito. O Tantra percebe o corpo como uma ponte que liga a
terra ao transcendental. Dessa maneira, tudo que o corpo vivencia e nos
proporciona em termos de sensação deve ser tratado como fonte de
autoconhecimento e conexão com o mais superior de nós mesmos. Por conta desses
preceitos, o Tantra é considerado uma filosofia que afasta a possibilidade de
qualquer repressão, que são impostas ao nosso corpo, nossos desejos e sensações
pela cultura, pelas religiões e pela moral. O Tantra propõe uma cura através do
prazer consciente e consequentemente da ativação da nossa energia sexual.
A
grande questão a ser respondida é que todos os grandes pensadores da
humanidade, sempre se referiram ao sagrado feminino com inferioridade e
desdenho, como se a mulher existisse somente para procriar e servir ao seu
senhor. O caminho percorrido para que as mulheres chegassem até os nossos dias
em iguais condições com os homens e assim ser reconhecida, foi uma luta árdua e
penosa. De modo que na filosofia Tantra Hindu, a mulher é considerada a “sacerdotisa do amor”, porque é com ela
que os homens de boa vontade aprendem a “arte de
amar”. Tem algo mais pleno e soberano que esse encontro com a deusa do
amor? O Tantra nos revela que só a mulher é capaz de sentir prazer em qualquer
parte do corpo, com muito mais intensidade do que os homens. Não é por acaso
que na filosofia tântrica a mulher é considerada a professora do amor
romântico, pela sua capacidade de intimidade amorosa com o seu homem.
Vale
lembrar que a mulher se prende com muita facilidade aos estímulos românticos,
enquanto o homem aos estímulos físicos. Desde a paquera até a cama quem dita às
regras é a mulher. As mulheres sabem da suscetibilidade sexual dos homens.
Talvez seja esse um dos pontos críticos do Tantra Hindu, saber prolongar o
prazer sexual. Isto tem despertado muita estranheza nas pessoas e
principalmente nos homens que tem muito que aprender com as mulheres a arte de
vivenciar o sexo amoroso. Para quase todos os homens é impossível manter um
controle no momento da intimidade com sua amada. Na hora da cama, do sexo, um
número significativo de homens vira meio que bicho, afoito vai direto ao
estímulo final a ser alcançado que é o orgasmo. A mulher até permite para ter o carinho do seu amado. Invariavelmente a mulher é obrigada a fingir orgasmo só para
agradar o seu homem que reclama caso ela não sinta algum prazer.
Com
o sexo tântrico não é assim que acontece. Aqui o sexo não é praticado visando o
orgasmo. O que interessa aqui é atingir um estado de consciência maior sobre o
corpo do outro. A prática não quer apenas potencializar o orgasmo e intensificar
o prazer. É muito mais que isso, é espantar a afobação ao concentrar e espalhar
a energia sexual pelo corpo inteiro. No entanto, a mulher por natureza é
Tantra. Pelo simples fato de experimentar um ciclo sexual demorado, caso aceito
e aproveito, posso dizer que estou me fazendo tântrico. De modo que se
acompanhar o desenvolvimento natural da sexualidade e deixar amadurecer no sentido
de ir aprendendo com ela, em vez de fixa-la em um padrão único e monótono, como
faz a grande maioria dos homens modernos, esse aprendizado torna-me tântrico
mesmo sem pretender ser, e mesmo sem treinamento.
Portanto,
a sexualidade também amadurece com o tempo e pode ser aprendida, claro que
evidentemente se o indivíduo conquistar liberdade e condições para isso. O mais
difícil é vencer o preconceito que existe em torno desse assunto sexualidade.
Se livrarmos de tudo o que é dito sobre o envelhecimento sexual, então qualquer
pessoa, tanto homem quanto a mulher chega quase naturalmente ao Tantra. Podemos
concluir que a mulher está ano luz na frente do homem na questão da sexualidade.
Ela é capaz de sentir prazer em qualquer parte do corpo. Ela é uma lição para
muitos homens que são diretos e precários no momento da relação amorosa.
Contudo, não existe mulher fria, existe homem incompetente ou homem desinteressado.
Assim, como não existe homem impotente e sim mulher incapaz de despertá-lo ou
desinteressada. Vale dizer, que só o contato amoroso pode nos salvar através do
prazer concreto, cutâneo, sensorial e afetivo. Enfim, Tantra é amor, é vida, é
prazer e é transmutação. É o encontro vivo com a divindade.
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