A
pessoa que ficar na afirmativa: “eu sou
assim mesmo”, sempre vai achar uma justificativa para escapar do seu
egoísmo. Está explícito nesta frase, toda a sua arrogância e prepotência. Tipo:
“quem quiser que me ame como eu sou”.
Essa pessoa está fechada para o amor. Ao contrário da pergunta para quem eu
sou? Com efeito, começamos a enxergar a possibilidade de amar. Ficar na
afirmativa eu sou assim mesmo, nunca vamos conseguir amar ninguém. O máximo que vamos
conseguir é se amar no outro, isto é, usar o outro para me amar. Por que amamos
uma determinada pessoa e não a outra? É porque aquela pessoa me faz feliz. Onde
está o centro? Veja, aquela pessoa me faz feliz, me faz realizada, me compreende,
está sempre a minha disposição nas horas que preciso. Então, quem é o centro?
Isto
não é amor, e sim egoísmo, é usar uma pessoa para satisfazer-me. Isto é apenas
gostar do outro. De modo que, a diferença entre amar e gostar de uma pessoa
está na percepção que tenho dela. Gostar é vê-la como um objeto de uso pessoal,
como um sapato, uma roupa, que quando não servir mais jogo fora. Estamos
coisificando o outro, aqui não há relacionamento interpessoal. Eu simplesmente
me basto. Porque o gostar está fora de si, jamais vamos amar um sapato ou uma
roupa. São objetos para meu uso pessoal. Então, não é assim que a sociedade faz
conosco? Somos o tempo todo usados e manipulados por falsas ideologias, além de
pessoas maldosas ao nosso lado.
Não
queremos ficar sozinhos e aí buscamos alguém para preencher esse vazio, mas,
também não queremos compromisso. Com efeito, quero alguém para gostar em quanto
me servir. Nesse sentindo, é comum na família um usar o outro. Uma família que
não supera o: “eu sou assim mesmo”, “para quem eu sou” não conseguem se amar.
Um casal que não chegar à experiência de para quem nós somos não se realizará no amor
pleno. No entanto, qual a maior fonte de tristeza e doenças para o ser humano?
É lamentável constatar que ainda hoje com todos os meios de comunicação, a
maior fonte de tristeza e doenças está na família. É na família o lugar onde menos
se conversa e menos se respeita. Dizem que a família é a “célula mater” da
sociedade. Então, como explicar as razões de tanta violência em nossa
sociedade? As famílias se amam eventualmente e se trai sistematicamente.
Por
isso ela tornou-se a maior fonte de desgraça e doenças do mundo moderno. Todos
vêm de uma família. Uma soma espantosa de casais que estão contaminados por um
vírus mortífero, começando pela falta de amor entre ambos, até chegar às
doenças mais graves de ordem psicossomática. O tédio da vida sem graça e sem
estimulo. O casal que deveria ser o santuário de amor e vida, agora virou o
túmulo da morte. Morreram um para o outro e ainda não desconfiaram. Vivem como
múmias ambulantes. Para constatar faça uma enquete com a seguinte pergunta: “quais foram às pessoas que mais te
machucaram?” São aquelas que estão próxima e diz que te ama. Não há algo de
errado nisso? Como posso amar e machucar ao mesmo tempo?
A
começar por pessoas muito próximas e íntimas de nós como: “pai, mãe, marido, esposa, filhos, irmãos, sócios, namorados” e por
aí vai. Como diz o cantor e compositor Caetano Veloso (1942): “de perto ninguém é normal”. Convive
muito tempo com alguém, logo descobrirá suas manias e defeitos. Se ficarmos no
campo do eu sou assim mesmo, qualquer coisa que o outro fizer vai nos ofender.
Agora se jogarmos essa pergunta para os nossos relacionamentos, para quem nós
somos, teremos outra postura. No entanto, não podemos deixar que nada machuque esta
verdade absoluta, que é o amor que sentimos. Só assim é possível amar, ao
contrario do: eu sou assim mesmo, nunca vamos atingir a satisfação plena desse amor. Amo
o que o outro é para mim, e não a pessoa que ele é. O meu juízo de valor neste
caso está equivocado.
Entretanto,
o amor mais lindo do mundo vai se transformando em desgraça. Por que Caim matou
Abel? Porque ele não perguntou para quem nós somos. Seu egoísmo não deixou
enxergar Deus no seu irmão. Sentiu-se ofendido por Abel, logo o matou. Amor
egoísta é capaz de matar o outro por rancor e ódio. Ofendeu a mim? Então,
começo acumular magoa, acumular ressentimentos, tristeza, porque a pessoa ofendeu-me.
Enquanto ficarmos nessa, não saímos dessa. A pessoa não vai ser feliz, não vai
conseguir amar de verdade. Vai tornar-se uma pessoa doente e queixosa de
difícil relacionamento. Sempre reclamando, não está feliz com nada. Converse
com uma pessoa com depressão, logo percebe a causa, vida sem graça e sem
sentido. Usa uma mascara para disfarçar. Põe um sorriso de fotografia no rosto e
continua a vida, mastigando a coisa meio azeda e meio amarga. Racionaliza os
conflitos.
Portanto,
para o cristão sem Deus é impossível amar. O evangelista do amor São João diz:
“caríssimos irmãos, amemos uns aos outros porque o amor vem de Deus, todo
aquele que ama é nascido de Deus e o conhece. Quem não ama não conhece a Deus,
porque Deus é amor". Ora, sem Deus não existe amor. Amar é dar Deus para o
outro. Amar é estar juntos nos braços da divindade. Então, por que vou brigar
com quem eu amo se ele também é de Deus? Contudo, aquela pessoa que você ama se
não der Deus a ela e vice e versa, esse amor vai acabar. Não tem coisa mais
dolorida no mundo que o amor que acabou. Nada machuca mais, nada fere mais.
Sendo que um inimigo pode nos fazer muito mal, mas só um amigo pode nos
destruir, porque ele nos conhece. Só ele pode destruir a imagem que temos de
nós. Infelizmente vivemos de imagem, por isso os outros tem poder sobre nós.
Contudo, pai e mãe querem dar um futuro garantido para seus filhos? Então,
comece a dar pela metade os bens materiais que vem dando e comece a dar em
dobro o tempo e o amor que não vem dando. Estará formando e educando pessoas
para o mundo, “para quem eu sou”. Só
assim teremos seres humanos, genuínos, autênticos, plenos de amor e bondade.
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