Há um momento em nossa vida que acreditamos que tudo está sob
nosso controle. Trabalhamos na carreira dos nossos sonhos. Parece que todo
mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente. Achamos que nossos filhos passam por uma adolescência normal, sem
precisar de nós. Pura ilusão! Às vezes acordamos de manhã, nos sentindo
completamente infelizes. Temos a sensação de ter sido um péssimo pai ou mãe.
Sentimos completamente incapazes de compensar nossos filhos pelos anos de
loucura a eles infligidos. Quem olha de fora acha que realmente nós temos tudo
para ser feliz. Contemplamos a exuberante beleza da natureza, sentimos que
estamos em comunhão com o mistério da vida. Quando olhamos para a beleza de uma
criança ou idoso é a face visível de Deus que vemos.
Na luta diária nos convencera de que os outros tinham razão. A
sensação de tristeza, confusão e desespero começaram a crescer como um fungo
irritante em nossas mentes. Passamos a ser ríspidos com os outros. Perdemos a
parte da cabeça que nos faz negar os fatos durante grande parte da nossa vida.
É o que chamam de insanidade temporária. Aquela parte de nós que continua a se
preocupar, que vive na dúvida, que é cheia de receios, que julgam os outros que
tem medo de confiar, que precisa de provas, que acredita apenas quando lhe
convém, que não consegue dar continuação às coisas, que se recusa a praticar o
que prega e que precisa ser salvo, que quer ser vítima, que dá verdadeiras
surras no “Eu interior”, que precisa estar certo o tempo todo e que
insiste em se agarrar àquilo que não funciona.
Estranho seria olhar para essa parte nossa que se apresenta e não
reconhecer que é neste coração, nesta vida, que habita a melhor parte de nós.
Sendo que uma parte de nós é todo mundo; a outra parte é ninguém, pelo menos que
o conhecemos. Há uma outra parte que anda por aí entre a multidão. Que se
revela estranha para nós e que a chamamos de solidão. A parte nossa que se
apresenta, pesa, pondera, enquanto a outra parte delira e se espanta com a
nossa reação. Às vezes somos permanentes e a outra parte de nós nos surpreende
de repente. Somos vertigem enquanto a outra parte é linguagem. Como diz o poeta
e ensaísta brasileiro Ferreira Gullar (1930-2016): “Traduzir-se uma parte na
outra parte, que é uma questão de vida ou morte, será arte?”.
Portanto, a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por
isso, cante, chore, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a
peça termine sem aplausos. Com o tempo, nós percebemos que para ser feliz com
outra pessoa, precisamos em primeiro lugar, não precisar dela. Percebemos
também que aquele alguém que amamos pode ser definitivamente a pessoa da nossa
vida. Porque só o amor faz as pessoas evoluírem espiritualmente. A capacidade
de sentir amor é que faz a pessoa melhorar como ser humano. Tem coisas que
atravancam a nossa vida e aquela parte de nós consegue superar aquele
desencontro. Porque só o amor vai nos fazer melhor. O segredo é não correr
atrás das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até nós. Contudo,
no final das contas, essa parte de nós vai achar não quem estamos procurando,
mas quem está nos procurando. Aquela parte de nós sabe onde encontrar a parte
que nos completa. Abram-se, algo muito maior do que pensam está acontecendo em
nós.
O SEGREDO É NAO CORRER ATRÁS DAS BORBOLETAS E SIM CUIDAR DO JARDIM PARA QUE ELAS VENHAM ATÉ NÓS !LINDO AMEI!!!
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