Como educador sempre fui um
defensor dos jovens estudantes. Aprecio neles esta sede pela vida, que
naturalmente com o tempo vai se acalmando. Gosto de ver jovens se preparando
para o futuro, sonhando com o sucesso que virá após uma boa qualificação
acadêmica. É preciso muita coragem para encarar a vida cotidiana. Uma coragem diferente,
evidentemente, que estou me referindo da coragem de sonhar, do devaneio. O problema
é que a coragem do devaneio é também a coragem de considerar que a coisa mais
concreta que a gente tem, ou seja, que é a vida, não é necessariamente um valor
supremo, porque ela é limitada. Em muitos momentos é bom que seja assim, para
que o jovem leve mais a sério as suas ações e seja menos sedentária.
Entretanto, essa juventude
está perdida, porque não querem saber de nada, eles não nasceram prontos. Foram
formados numa sociedade e que uma parte de nós faz uma coisa inacreditável.
Admitimos aos jovens e adolescentes que desejos são direitos e pela primeira
vez que uma juventude começa a considerar que realmente, desejos são direitos,
isto é, se eu quero tenho direito e alguém tem que me dar. E se não dou logo
vem à chantagem: “você não gosta de mim,
vou fugir, vou me cortar e até me matar”. Como os pais não querem conflitos
com os filhos, até porque, também já tem os seus, então vão pelo lado pratico e
acaba concedendo. Quanto mais os pais concedem mais os filhos abusam. Quanto
mais os filhos abusam, mais os pais concedem e aí vira um ciclo vicioso. E com
isso estão formando filhos parasitas, carrapatos que vão te sugar até a morte.
Como argumenta o filósofo e
educador Mário Sérgio Cortella (1954), que um pai em sã consciência que dá para
o filho um tênis que custa o valor de uma TV de vinte e nove polegadas. Basta
olhar o quanto de inteligência necessita para produzir uma televisão, em
comparação a um tênis e vê que esse aqui é um valor simbólico. Os mais velhos
vão dizer: essa juventude é consumista. Na analise do educador Cortella, o teu
filho aos 17 anos ganha uma viagem de presente de formatura para Porto Seguro.
Passeio esse que todo o ser humano adoraria ganhar. Ele passou a semana inteira
feliz da vida gastando o teu dinheiro. Como diz o escritor e psicanalista
Contardo Calligaris (1948), os jovens de hoje parece um adulto em férias, ou
seja, eles vão ao cinema, passeiam, viajam, ficam em hotel, só não trabalham.
Como não nasceram prontos,
não tem ideia do trabalho, isto é, o trabalho que da para ganhar o dinheiro.
Vendemos uma mão de obra, para em troca receber um dinheiro. No Brasil usamos
uma expressão equivocada. Desde criança dizemos aos nossos filhos, que vamos
sair para ganhar dinheiro, quando na verdade, não é ganhar e sim trabalhar para
ter o dinheiro. Como nossos jovens é uma geração que cresceu com os caixas
eletrônicos, só colocar o cartão e sai dinheiro, eles não conhecem o processo
anterior. Vai gastar essa grana sem nenhuma consciência econômica.
Veja a situação deste pai, o
filho passou a semana inteira em Porto Seguro e no domingo o pai vai buscá-lo
no aeroporto, imaginando que o filho vai chegar feliz da vida, com uma gratidão
imensa pelo presente que ganhou e na chegada o pai pergunta: “E aí filho,
gostou do passeio?” Ele responde: “Normal”. Da vontade de voar no pescoço dele
e sabe por que? Porque parece uma ingratidão. E é uma ingratidão. É uma
ingratidão de maldade? Não! É uma geração que foi sendo formada para achar que
tudo é normal. Gastar um dinheiro que você não precisaria só para ter uma marca
da moda é normal. Como eles não nasceram prontos está faltando espanto, onde
tudo é óbvio, tudo é fácil, e o pior, esta rebeldia invadiu também a área da
educação.
Todavia, a relação do
aluno com o professor, hoje está nivelado. Não é mais uma relação vertical, de
autoridade. Contudo, põe em risco o principio de justiça. Em que está baseada
essa autoridade? Na especialidade do professor. O qual o aluno não enxerga mais
como um especialista da educação. Qual a conclusão disso? Exigir que o aluno te
respeite e lhe trate com admiração, é a coisa mais ilusória do mundo. Porque
esta relação horizontal matou a autoridade do especialista, ele te vê como
igual. O jovem rebelde que acha tudo ruim, não faz nada do que se pede e ainda
cria problemas para todos, tanto em casa como na escola. Inventa encrenca o
tempo todo, está sempre de mau humor. Em casa ele se mete no quarto e não quer
saber da vida. Tem lá a sua internet e seu som, o quarto é um chiqueiro a família
não sabe o que está fazendo e nem com quem está conversando. Por outro lado, a
família também está divorciada da escola desfazendo assim, essa ponte que liga
a família e a sociedade. Conclui-se então, que é impossível haver educação
formal e de qualidade neste caso.
Portanto, estamos numa ética
do óbvio, semear, disseminar e plantar o futuro. Porque o mundo que vamos
deixar para os nossos filhos depende muito dos filhos que vamos deixar para
esse mundo. Contudo, quando tomarmos consciência de que o nosso tempo aqui é
limitado, aí vamos nos concentrar no que é mais importante para cada um. Neste
dia vamos buscar dentro de nós aquilo que mais nos interessa. Sem perder tempo
com conversas fiadas. A vida traz pessoas queridas e momentos de felicidades,
que um dia serão tomados de volta. Não encontramos explicações para essas
tragédias, mas com o tempo nos conformamos, na esperança de que ainda haveremos
de entender o verdadeiro significado da vida. Talvez esses jovens de hoje precisarão
ficar velhos para compreenderem que a vida não tem sentido nenhum. Nós é que
insistimos diariamente em atribuir um significado a nossa existência. Hoje
sinto no meu ímpeto, que permeia uma vontade amorosa de mudar esse mundo.
Morreria feliz se os jovens fizessem isto por mim.
Nós é que insistimos diariamente em atribuir um significado a nossa existência. Hoje sinto no meu ímpeto, que permeia uma vontade amorosa de mudar este mundo. Morreria feliz se os jovens fizessem isto por mim.
ResponderExcluirQue deus faça as sementes que você planta diariamente germinar,bjim em seu lindo coração