Com o passar dos anos venho
aprendendo cada vez mais sobre a importância do amor na vida das pessoas. Muito
do que escrevi sobre essa temática resulta de minha experiência como educador,
com os jovens e adolescentes. Por outro lado a minha vivência junto às pessoas
de diversas atividades, em diferentes cidades, principalmente aquelas que
visito para divulgar o meu livro ou dar oficina de leitura. Porém, outro tanto
soma com o meu conhecimento acadêmico, mais precisamente com os filósofos e
pensadores que entrei em contato através da literatura. Tratam da questão do
amor com profundidade. Entre tantos cito alguns, a começar por Platão (427-347
a.C.), Arthur Schopenhauer (1788-1860), Michel Foucault (1926-1984) e o educador Leo
Buscaglia (1924-1998).
Os relatos contidos nesta
reflexão objetivam enfocar as situações tal qual acontece no cotidiano das
pessoas. As modificações realizadas para a apresentação neste ensaio têm como
função preservar a intimidade a mim confiada, dentro ou fora do campo
educacional. Evidentemente, que também implica a minha experiência como homem
apaixonado e que viveu um pouco desse êxtase no paraíso dos amantes. Também
tive minhas experiências amorosas como muitos. Hoje posso dizer que sei um
pouco do amor, esse nobre sentimento que faz bem a nós humanos, pois sem amor a
vida não tem sentido, o nosso combustível para viver em paz é o amor. Porque o
amor é paz e aconchego.
De modo algum esta reflexão
significa sabedoria sobre o tema amor. Indica sim, empenho de compreender o
amor, sentimento profundo e essencial à vida, embora parcamente estudado nas
escolas e universidades, onde o educando é levado, em geral, a uma formação dessensibilizada
para a afetividade. A educação praticada hoje está longe da comunicação
amorosa, quer nas famílias, quer nas instituições educacionais. Em geral, o
academicismo, desnudo de sentimentos mais elevados, embota a consciência
integral, impedindo a manifestação do ser cósmico que transcende qualquer
pensamento. O amor é um impulso de vida, portanto, incontrolável e irracional.
Minha mensagem é simples: “o melhor prazer ou presente do mundo é um ser humano
caloroso, vibrante, que nunca esgota”. O verdadeiro amor é um fenômeno humano.
A maioria dos centros educacionais
funciona como espaço de imposição e transmissão do conhecimento, quando
poderiam constituir lugar de encontro e de apropriação do saber. Nesta
estrutura, cabe aos jovens apenas a assimilação de conteúdos com o mínimo de
questionamento e envolvimento. Até porque o ser humano se manifesta não apenas
pela racionalidade, mas também pelos sentimentos. É a integração harmonizada
entre pensar e sentir que lhe garante a condição de consciência e transcendência.
Os centros educacionais na sua maioria informa, mas não forma. O amor tem sido
realmente ignorado pelos professores. As pesquisas nos mostram. Este assunto
pouco ou quase nada se fala nos livros de psicologia, sociologia, antropologia
e muito menos na filosofia.
Entretanto, esta reflexão é
uma evocação do que pode haver de melhor em cada um de nós. Como diz o filósofo
e educador Cesar Nunes: “somos um corpo sexualizado, é com esse corpo que nos
apresentamos”. É um voto de confiança ao ser humano na sua totalidade
cosmológica. É a certeza de que podemos contribuir para a estruturação de uma
nova etapa da humanidade, em que o amor seja a linguagem predominante. De modo
geral, somos incentivados ao cultivo do medo, do negativismo, da baixa autoestima
e, sobretudo do egoísmo. Aqui desejo reforçar a ideia de que podemos
transformar nossas vidas em projeto amoroso ainda que o contexto apresente
dificuldades. Quero acreditar que o amor nos chega através de alguma força
misteriosa da vida.
Portanto, somos capazes de
alcançar estados mais elevados de consciência. Tudo depende de reconhecer o
estágio em que nos encontramos e buscar, com discernimento, novos rumos
existenciais. Seguir em frente, com vontade inquebrantável, cultivando
expressões amorosas, permite a descoberta do amor e sempre mais amor em nossas
vidas. Não é somente por meio do intelecto que evoluímos; fazemos, sobretudo
pela amorosidade, processo integrativo de todas as potencialidades do ser,
profundamente voltado para a sabedoria derivada da mãe natureza. Contudo, o
antigo adágio grego escrito nos portais da escola socrática, “conheça-te a ti mesmo”, é a síntese de
toda a busca de pacificação íntima, sem a qual ninguém pode amar de modo
incondicional ou encontrar o amor em estado de mais pureza. Se o seu caminho é
o amor, o fim não tem importância, o processo terá coração.
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