Algum tempo venho pensado
muito sobre o que é viver e se o amor tem alguma relação com a vida. Depois de
viver muito e experimentar no corpo e na alma esse sentimento, cheguei a seguinte conclusão: A
vida explora e o amor é explorado. São antagônicos, incompatíveis, mortais
inimigos. No dia e na hora em que isto compreender, melancolia profunda te
envolverá a alma e angústia imensa te invadirá o coração. Procurarás fugir
deste mundo imperfeito e paradoxal, porque não podes amar sem viver, nem queres
viver sem amar.
Entretanto, viver é lutar e
amar é ser imolado. Para conquistar o espaço vital, é necessário matar o
vizinho e para amar é necessário deixar-se matar. Nós temos uma lei e segundo a
lei ele deve morrer! Crucifica o Cristo e solta o ladrão Barrabás! Crucifica o
amor e põe em liberdade o explorador.
A vida é violenta, cruel,
sem coração; afirma-se à custa da força, da violência física e moral o crepitarem
da metralhadora ao furor mortífero das palavras afiadas e cortante, que detona
o espírito mais generoso e benevolente. A luta pela existência elimina
impiedosamente o que é fraco e conserva o que é forte, sendo que o mundo
material possa envolver-se conservando os mais fortes.
O amor ampara o que é
frágil, abraça o que é imperfeito, acolhe o serzinho enjeitado, agasalha o
órfão anônimo, enxuga as lágrimas da viúva, pensa as chagas do leproso, oscula
os farrapos do mendigo, volta às costas ao que é forte e feliz e busca sempre o
que é fraco e infeliz. O amor é o avesso da vida. É a face noturna dessa vida
que folga aos fulgores da zona diurna. É a fuga do zênite e a demanda do nadir
da existência humana.
A vida mata para não morrer.
O amor se deixa matar para que o outro possa viver. O amor cede ao outro o seu
lugar ao sol e submerge nas sombras dele mesmo. Só pode ter amor o homem que se
libertou da escravidão da matéria. Independência ou morte! Ou proclamar a
soberania do espírito sobre a brutalidade da matéria ou então o amor
assassinado pelo egoísmo da vida. O amor é a mais poderosa afirmação do
espírito. É uma antecipação da suposta vida eterna, onde será absoluto o
domínio do espírito.
Portanto, quando terminar
esta vida mortal, sucederá à atual desarmonia para reinar a mais perfeita harmonia
entre o amor e a vida que já não existe mais. Mas, ficará na lembrança a
memória do amor que desafiou a vida. Não haverá mais explorador e nem
explorado. Celebrarão o amor e a vida um tratado de paz e cantarão a sinfonia
da grande e imperturbável felicidade. Se a vida for eterna. O amor será imortal.
Celebrarão o amor e a vida um tratado de paz e cantarão a sinfonia da grande e imperturbável felicidade. Se a vida for eterna. O amor será imortal....Maravilhoso, parabéns, só você para falar tão lindo assim sobre o que nos move e impulsiona nossa a vida.... o amor....bjus
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