Vamos examinar de perto uma
das coisas mais linda da natureza humana que é o encontro amoroso. Esse contato
vivo de intimidade profunda, de total embriaguez amorosa é estimulado pelas
afinidades que nutre um pelo outro. O fato de vislumbrar alguém que primeiro
nos prendeu pelo olhar, o sorriso, pela conversa agradável, é nesse momento
mais feliz que chegamos o mais perto possível, nos abraçamos, nos acariciamos,
trocamos beijos, começamos a fazer agrados. Quantas qualidades transcendentes
se manifestam nesse momento. Dizemos contato vivo porque nem todos os contatos são
vivos. Podemos estar junto de uma pessoa por algum tempo, e não sentir nenhuma
vibração, não da química, não há comunicação. Quando há afinidade, trocas de
olhares e uma boa comunicação entre ambos, começa ocorrer fatos que só podem
ser chamados de transcendentes.
Entretanto, é um momento de iluminação
a dois, a luz de um reflete o brilho do outro. Quando estamos num bom momento
para os dois, vai descendo sobre nós uma espécie de campânula nos aquecendo e,
ao mesmo tempo nos isola do mundo. São duas pessoas em estado de graça e mais
nada. Poderíamos comparar esta sensação de isolamento a dois como a formação de
um casulo. Ocorre o isolamento porque vai acontecer uma coisa muito importante
e muito delicada aqui. Nesse momento só existe os dois no universo. A melhor
prova da existência desse casulo, de que ele é natural e não cultural. A
experiência nos diz que um dos piores amores é quando duas pessoas se fecham
entre si num autismo a dois.
Todavia, quando digo que o
amor verdadeiro é interpessoal e precisa da presença física do outro, é claro
que não estou dizendo no sentido de sufocar o outro, mas, no sentido de
contemplar o amor que brotou a partir dessa afinidade interpessoal. Pois, no
relacionamento virtual não se pode dizer que é amor. Sem a presença física nada
é real, pura fantasia. Porém, é no encontro com o outro que descobrimos o
sentido do amor e nos realizamos nele. Na verdade, quando ocorre esse momento
de eternidade, logo depois as pessoas começam a cobrar a eternidade concreta, o
para sempre. Aliás, o que dura para sempre?
Portanto, estar sempre junto
é bom, mas respeitando a individualidade de cada um. Generosidade no amor
enaltece a alma e nos acalma. Neste caso, até pode ser para sempre.
Principalmente quando se está envolvido nesse jogo erótico, lento, prazenteiro
e muito excitante, faz com que saímos do tempo e do espaço, sentimo-nos dentro
de um casulo, tudo fica leve. Momento ímpar e mágico da vida a dois. O estado
de encantamento amoroso parece não ter fim. Não sei se durará para sempre. Mas
a sensação é a de sermos felizes para sempre. Se não for automático, nem
enfadonho, então é criação contínua e solida de um amor de boa qualidade. Renovamo-nos
um no outro. Embriagamos da mesma Essência.
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