O abalo ontológico provocado
pela separação amorosa. Caracteriza-se pela descontinuidade afetiva nas
relações amorosas, trazendo a experiência da morte dentro da vida dos
apaixonados. No entanto, a sociedade parece já não conceder ao amor e à paixão
o lugar de destaque outrora ocupado por esses sentimentos. Nossa sociedade consumista
tornou-se indiferente ao amor. Cultivamos uma tendência quase que imperativa
para matar o amor na sua essência, colocando todos os tipos de antidoto para
neutralizar os efeitos desse sentimento tão nobre, como se ele fosse um veneno
para a nossa alma. Estudar a separação
amorosa significa estudar a presença da morte em nossa vida. Se a união de dois
amantes é o efeito da paixão, ela invoca a morte, o desejo de matar ou o
suicídio. O que caracteriza a paixão é um halo
de morte (halo é um anel de luz que rodeia um objeto).
Entretanto, o poder do
dinheiro, que vem corroendo a liberdade de amar. Contudo, permite-se que a
liberdade erótica seja confiscada pelos poderes do capital, do mercado e da
publicidade. O corpo vem sofrendo a dessacralização e vem sendo utilizado a
serviço da propaganda. Porém, a nossa sociedade capitalista e democrática,
aplicou as leis impessoais do mercado e a técnica da produção em massa na vida
erótica das pessoas. Assim a degradou, embora como negócio tenha sido um grande
sucesso. O corpo como mercadoria, tornou o amor desnecessário.
As consequências apontadas
em a dupla chama do amor e erotismo é a de que o amor, que foi suporte moral e
espiritual das sociedades durante milênios, está ferido de morte. De um lado, a
promiscuidade traz uma pseudo-liberdade erótica que, subvertendo o afeto,
transforma-o em passatempo. De outro, o poder do dinheiro, o apego ao patrimônio
e ao desejo de preservá-lo. Nesse contexto, o amor é impossível, não há espaço
para ele.
Portanto, podemos deduzir
que a chama, amor e erotismo em seu sentido mais puro e
essencial, ligada à profundidade do prazer íntegro, espiritual e pleno, vêm
sendo paulatinamente abafado. Contudo, nesse contexto de apagamento do afeto
situa-se a experiência da dor amorosa, ainda reservada aos que, deixando-se
envolver afetivamente, embarcam na utopia de alcançar o amor do outro. O
problema é que na relação amorosa envolve um Eu que deseja o Tu e com
ele tem um período de encanto, de amor e de posse. Quando o amor está
alicerçado e feliz, ambos se destroem por insegurança e fraqueza, querendo
provar um ao outro, a importância do social, o que a sociedade pensa do amor. E
o que vem depois para quem continua amando é a constatação da perda. Ocorrem, enfim, a resignação e a racionalização,
tipo “foi melhor assim”. Foi melhor pra quem?
Nenhum comentário:
Postar um comentário