31 de dezembro de 2024

PARA CORRIGIR NÃO PRECISA HUMILHAR

Um velho estava sentado em um banco quando um jovem se aproximou e perguntou: — Lembra-se de mim, professor? O velho respondeu: — Não, não me lembro. Então, o jovem disse: — Fui seu aluno. Curioso, o antigo professor perguntou: — Ah, e o que você se tornou? O jovem sorriu e respondeu: — Bem, eu também me tornei professor. Surpreso, o velho disse: — Que maravilha! Assim como eu? — Sim, como o senhor. Na verdade, me tornei professor por sua causa. O senhor me inspirou.

O velho, intrigado, perguntou: — E quando foi que você decidiu ser professor? O jovem começou a contar: — Um dia, ainda na escola, um dos meus colegas veio à aula com um relógio lindo, novo em folha. Eu queria tanto aquele relógio que decidi roubá-lo. Pouco tempo depois, meu colega percebeu o sumiço e reclamou com o senhor.

O senhor então nos disse: — Um relógio foi roubado durante a aula. Quem pegou, por favor, devolva. Eu não devolvi porque queria muito aquele relógio. Então, você fechou a porta e pediu que todos nos levantássemos para que pudesse revistar nossos bolsos.

Mas fez algo especial: pediu que fechássemos os olhos. Quando chegou a minha vez, você encontrou o relógio no meu bolso e o retirou. Em seguida, continuou revistando os outros, sem dizer uma palavra. No final, você disse: — Podem abrir os olhos. O relógio foi encontrado.

O senhor nunca mencionou quem havia pegado o relógio. Nunca me repreendeu publicamente, nem fez qualquer comentário sobre isso. Aquele dia foi o mais constrangedor da minha vida, mas também o mais importante. Com seu silêncio, você salvou a minha dignidade. Foi naquele momento que entendi o que é ser um verdadeiro educador e o valor de um professor.

O jovem então perguntou: — Lembra-se desse episódio, professor? O velho respondeu, com um sorriso sereno: — Eu me lembro do relógio roubado, lembro-me de ter procurado nos bolsos de todos. Mas, não me lembro de você. Veja bem, eu também fechei os olhos enquanto procurava. E completou: — Se, para corrigir, é preciso humilhar, então não se sabe ensinar.

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