Quando
você encontrar a outra metade da sua alma, você vai entender porque todos os
outros amores deixaram você ir. Quando você encontrar a pessoa que realmente
merece o seu coração, você vai entender porque as coisas não funcionaram com
todas as outras pessoas.
Os
místicos e apaixonados concordam que o amor não tem razões. Angelus Silésius,
místico medieval, disse que o amor é como a rosa: “A rosa não tem porquês. Ela floresce porque floresce”. Drummond
repetiu a mesma coisa no seu poema “as
sem-razões do amor”. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos
mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento. “Eu te amo porque te amo, sem razões. Não precisas ser amante, e nem sempre saber
sê-lo”.
Meu
amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fossem assim ele
flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus
gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra. “Amor é estado de graça e com amor não se
paga”. Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que “amor com amor se paga”. O amor não é
regido pela lógica das trocas comerciais. Como a rosa floresce, eu te amo
porque te amo.
Amor
é isto: “a dialética entre a alegria do
encontro e a dor da separação”. De alguma forma a gota de chuva aparecerá
de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora. Morte e
ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética do divino. Quem não
pode suportar a dor da separação, não está preparado para o amor. Porque o amor
é algo que não se tem nunca.
Portanto,
o amor é um evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à
espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu
a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro. Amamos aquela pessoa
não pela beleza que existe nela, mas pela beleza nossa que aparece refletida
nos olhos dela. Não amamos aquela pessoa que fala bonito. Amamos aquela pessoa
que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e
silenciosa escuta. Como dizia Rubem Alves: “é
na escuta que o amor começa e, é na não escuta que ele termina”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário