Há
um local distante, chamado Chayah, no centro da Tailândia, perto da fronteira
da Malásia. No meio de um vasto lençol de água há uma ilha e nela um mosteiro
budista. Todavia, não há água potável nessa ilha e esta tem que ser levada do
continente por barco e guardada numa grande cisterna.
Certa
vez caminhando pela ilha, o mestre budista conta a seguinte história para seu
discípulo: Você trabalha o dia todo e volta louco de sede, querendo beber um
pouco dessa água preciosa, que você sabe que não pode desperdiçar. Abre a
cisterna, estende a mão com sua conchinha e vê uma formiga dentro da cisterna.
Você
fica furioso! Exclama: Que atrevida, estar na minha cisterna, sob a minha
arvore, na minha sombra, na minha ilha e com a minha água! Nesse processo de
fúria você esmaga a formiga. É um indicador que você está ligado a matéria. Ao
contrário, você pensa antes de esmagar a formiga e diz: O dia está muito quente
e este é o único lugar mais fresco da ilha.
Temos
água o suficiente que dá para todos nós e depois a formiga não está estragando
a minha água. Então, calmamente você pega a água em volta da formiga e bebe.
Você está desligado da matéria. Estabeleceu uma ponte para o espiritual. Também
pode ser chamado de não ligado a matéria.
Entretanto,
penso que no momento em que se abre a cisterna e vê a formiga, a pessoa que
estabeleceu essa ponte entre o material e o espiritual não vai pensar no bem,
no mal, no certo ou no errado. Imediatamente num gesto de generosidade além da
água, vai dar um torrãozinho de açúcar à formiga.
O
gesto mais sublime da humanidade, amor e compaixão. Temos que começar a
reconhecer que o outro é a única pessoa que pode dar o torrãozinho de açúcar de
que preciso e que posso fazer o mesmo pelo meu próximo. Se não construirmos
essa ponte, esse sentimento tão nobre está fadado a desaparecer mais ou menos
depressa. Somos tão menos, quanto um sem o outro.
No
entanto, tudo começa acontecer dentro de cada um de nós, com essa grande ponte
que nos leva a todos e assim formamos uma corrente solidaria e salvamos o amor.
Se eu crescer cada vez mais, poderei lhe dar mais de mim. Hoje estudo e aprendo
para lhe ensinar mais. Procuro a sabedoria para poder encorajar a sua verdade.
A cada dia torno-me mais ciente e sensível para poder melhor aceitar a sua
sensibilidade e ciência.
Portanto,
luto diariamente para compreender a minha humanidade, para poder compreender o
outro, quando me revelar que também é humano. Vivo num assombro continuado
perante a vida, para permitir que o outro também exalte a sua vida. Enfim, saia
do você e entre no nós. É o modo mais belo de se ver e ajudar os outros a se
verem.
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