Os
relacionamentos chegam ao fim por diversos motivos. Alguns por excesso de
ciúmes, outros por exagerados cuidados, outros por falta de respeito, mas,
dificilmente acabam por falta de amor. Talvez eu esteja entre uma pequena
parcela da população, que ainda acredita no amor. Muitas vezes abandonamos uma
pessoa, ainda sentindo muito amor por ela. Mas, a nossa relação sofreu tantos
maus tratos, que não há mais como continuar. As relações são afetadas pela
maneira como o outro nos trata, seja de uma forma boa ou ruim. Se bem cuidado,
o amor dura uma vida, se maltratado dura semanas.
Porém,
é interessante comparar do inicio ao fim do relacionamento. No começo as
pessoas são gentis, educadas e se mostram preocupadas com o outro. Deixam até
aquela sensação de eternidade na história de amor que estão começando a viver.
Mas, na primeira briga, desrespeitam o companheiro de forma cruel, como se não
tivesse nenhum sentimento entre eles. Em algum momento a sociedade pregou que
basta amar para uma relação durar. E muita gente boa acreditou nisso. E o
cuidado com o outro? E o afeto e o respeito, não precisam? Ou engole tudo isso
com gelo? A verdade é que as pessoas perderam o respeito pelos outros e, no
calor das emoções, usam as ofensas como quem usa uma metralhadora com a intenção
de matar.
No
entanto, conforme a rajada pode ser fatal e levar esse amor ao óbito. Mata o
respeito, mata a confiança e principalmente a vontade de continuar. A pouco
tempo li um livro interessar que tem tudo a ver com o tema tratado, cujo título
é: “O Lobo da Estepe”, do escritor alemão Hermann Hesse (1877-1962), Prêmio
Nobel de Literatura em 1946. Ele conta a história de um intelectual cinquentão
vivendo em plena desvairada década de 1920 que, após abandonar a regrada vida
burguesa, se entrega à dissipação da vida boêmia dos bares, dos salões de dança
onde aprende o jazz das elegantes cortesãs.
Através
dessa leitura e com a minha experiência, consegui entender o que acontece na
alma humana diante dos conflitos e como podemos lidar com eles. Segundo o
próprio Hesse: “o livro trata, sem dúvida, de sofrimentos e necessidades, mas
mesmo assim não é o livro de um homem em desespero, mas o de um homem que crê
no amor”. Nesse livro, em certo momento da narrativa, Hesse apresenta o
conflito do homem entre a vontade de viver e de morrer, já que a segunda
atitude parecia ser a solução de todos os problemas: “apesar de nunca querer
morrer de verdade, sonhava com a morte do sofrimento”. Queria matar aquilo que
doía: o remorso, o medo da solidão, uma saudade de quem partiu para sempre.
Vale lembrar, que saudade é amar o passado que nos machuca.
Portanto,
alguns relacionamentos, ainda que não levem à morte nem sirvam de reportagem
para os noticiários sensacionalistas, deixam marcas profundas na alma das
pessoas amadas. Entenda, de uma vez por todas, que ciúme doentio não é
manifestação de amor, que onde prevalece à dor e a humilhação, não pode haver
relacionamento saudável. Podemos ter a infelicidade de ser vítima da primeira
ofensa ou da primeira agressão, mas não precisamos aceitar a segunda.
Respeite-se e não precisará exigir isso dos outros. Lembre-se que violência
começa com o desrespeito e, desrespeito, começa com a nossa aceitação. Contudo,
todas as pessoas são merecedoras de respeito e consideração. Tendo em vista,
que a felicidade só aparece para aquele que sofre, que se machuca na vida e que
mesmo assim, busca e tenta sempre, trilhar o caminho do bem.
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