Meu
primeiro olhar de espanto ao contemplar uma beleza que desenha a minha frente
entre serras e florestas. Num instante vejo em gorjeios o casario e pia na torre
alva da igreja situada em cima do morro. Depois o meditar humano, que desce o
morro brandamente emocionado, com a volúpia e destinos na câmera escura que são
os humanos. Vivi por um instante uma transfusão de êxtase. Emoções perguntam ao
tempo sobre os modos de vida e da morte. Sinfonias de voos e ancoragens invadem
meu pensamento.
Por
onde andas? Senti que o rosto do mundo interrogou o meu ser. Todas as
divindades das águas, das florestas, das montanhas, sempre que visito esse
lugar estremecem-me a vida, seja no erotismo dos bailados do por do sol ou nas
cores das preces do acaso. O espetáculo de maravilhas que penetra a alma e tem
a musicalidade do silêncio das coisas espirituais. Minha alma é uma câmera
escura abrigando a sensualidade das coisas.
Contudo,
filtrando sonhos que se desenham nas paredes irregulares das minhas lembranças.
Desespera-me não poder mostrar os brilhos e cores de minhas emoções. Faço,
então, fotograficamente uma celebração da vida, que escoa no sangue e a minha
alma sai em busca deste passado. Nesta transfusão de êxtase a câmera escura dos
meus sentimentos, reinventa a santidade das coisas. Novamente meu ser é
interrogado pela serenidade deste rosto, que a gente não vê, mas sabe que ele
ficou em algum lugar no passado.
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