Segundo o médico, alquimista e astrólogo
suíço-alemão Paracelso (1493-1541), dizia: “Quem nada conhece nada ama. Quem
nada pode fazer nada compreende. Quem nada compreende nada vale. Mas quem
compreende também ama, observa e vê. Quanto mais conhecimento houver inerente
numa coisa, tanto maior o amor. Aquele que imagina que todos os frutos
amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas”.
Amar é simples, difícil é encontrar a pessoa certa para amar ou pelo qual ser
amado. Tendo em vista, que a maior necessidade do homem é evitar a angustia da
separação, abandonar o sentimento de solidão e isolamento. No entanto, a
falência absoluta em alcançar esse alvo significa loucura, porque o pânico do
isolamento completo, só pode ser ultrapassado por um afastamento do mundo
exterior, de tal modo radical que o sentimento da separação desapareça. Porque
o mundo exterior, de que se está separado, também desapareceu. Então, como
sentir-se livre para experimentar o amor?
Analisando o amor sob a ótica do psicanalista,
sociólogo e filósofo alemão Erich Fromm (1900-1980), fica claro para nós mortais, que o amor é a única resposta sadia e
satisfatória para o problema da existência humana. É o amor uma arte ou só uma
sensação agradável? Se o amor é uma arte, exige conhecimento e esforço. Porque
toda arte demanda interpretação e conhecimento. Sendo o amor só uma sensação
agradável, como aquela experimentada ao acaso nos encontros casuais nas noites
de happy hour (em português = hora feliz). Isto é, uma sensação de prazer
facilmente confundida com a paixão, que passa rápido. Sendo assim, como posso
ser livre para sentir o que sinto? É comum entre homens e mulheres, procurar
desenvolver maneiras agradáveis e gentis, conversas interessantes, serem
prestativos, modestos e inofensivos. Ou seja, os mesmos modos usados para
conseguir sucesso, fazer amigos ou influenciar pessoas. Enfim, o que se
considera comumente ser amável é uma mistura de ser popular e possuir certos
dotes de sedução para impressionar o outro.
Entretanto, a partir do momento em que não se sente
livre para sentir o que se sente, fica-se à mercê de doenças psicossomáticas.
Significa a negação das emoções. É não se aceitar na sua totalidade. Só que o
fato de negarmos o que sentimos não resolve, pois há em nós energia emocional
continua procurando uma forma de ser liberada. Se formos proibidos de expressar
o amor que sentimos, podemos acumular raiva, mágoas, ressentimentos ou
desenvolver sintomas físicos. Veja o absurdo disso, posso sentir, porém
não posso expressar. Por medo da felicidade que bate em nossa porta. Pois, viver
com medo é viver pela metade. Isto contém um grau muito limitado de liberdade.
A pessoa tem permissão para sentir, mas não para deixar claro esse sentimento.
O que vão pensar de mim se mostrar isto? Ou então, ela se permite sentir,
falar, mas não agir em função do que sente. Seu sentimento fica dissociado da
conduta, muitas vezes por não ter aprendido a tomar decisões baseadas em suas
emoções.
Agir no impulso da emoção, sem controle é típico de
quem coleciona determinadas emoções segundo a psicóloga e educadora Ana Maria
Cohen, que acrescenta. “Pode-se trocá-las por explosões, brigas, vingança ou
mesmo homicídio e suicídio”. No caso do amor essas emoções reprimidas,
quando explode desencadeia nos chamados crimes passionais. A ação baseada no
impulso, embora caracterize uma liberdade maior, não é isenta de problemas. Se
tiver raiva contida, explode, não importando onde ou com quem. Se tiver medo,
paralisa ou foge, agindo impulsivamente. Isso já é um indicador que a
pessoa tem um problema de fato.
Portanto, sentir, verbalizar e agir quando
conveniente, respeitando a si e ao outro, é o próximo passo na direção da
liberdade emocional. E acontece quando, ao sentir e poder verbalizar, a pessoa
resolve se é conveniente ou não manifestar a emoção e qual a melhor forma de
fazê-lo. Contudo, existe uma relação de magnetismo entre as pessoas, uma
atração instintiva e pontual, pela qual somos tomados por um desejo enorme de
prazer em estar com os outros. É através desse impulso instintivo que nasce o
amor, no mais profundo recôndito do nosso inconsciente onde a razão e a
reflexão não têm absolutamente nenhum acesso. Por conseguinte, se as famílias e
a sociedade em geral negar essa vontade de vida e de viver, no amor instintivo
essa vontade é afirmada perante os humanos. Sendo o amor à manifestação viva
dessa vontade de viver.
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